Publicações de 2016 (Mestrado)
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Dissertação - Tatiane Britto da Silveira
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A CRIANÇA SOB O OLHAR DA EQUIPE DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIAAutor: Tatiane Britto da Silveira (Currículo Lattes)
ResumoA violência doméstica e intrafamiliar contra a criança acompanha a história da humanidade e trata-se de um aspecto presente na organização das sociedades. Desde o século XX, esta situação vem sendo tratada como um problema social e de saúde pública. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), estima-se que 133 a 275 milhões de crianças sofrem, anualmente, com a violência doméstica/intrafamiliar, seja por conflitos entre os pais ou por uma interação abusiva entre o adulto e a criança. No Brasil, a Secretaria de Direitos Humanos constatou que, no primeiro semestre de 2014,houve 54.931 casos. Os objetivos do presente estudo foram:identificar como os profissionais das Unidades Básicas Saúde da Família (UBSF), reconhecem os casos de violência psicológica contra a criança; identificar as ações realizadas pelos profissionais das UBSFs frente aos casos de violência psicológica contra a criança. Este estudo é uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva. A coleta dos dados foi realizada por meio da entrevista semiestruturada, contendo dez questões norteadoras sobre o tema. Para análise dos relatos utilizou a análise temática de conteúdo. Da análise, emergiram duas categorias: 1) A importância do vínculo entre profissionais e usuários e, 2) Priorização dos sintomas físicos e banalização dos sintomas psicológicos.Todos os princípios éticos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Saúde na Resolução no 466/2012 foram respeitados. Os resultados deste estudo mostraram que, mesmo havendo avanços na saúde, no que tange a saúde mental, ainda encontram-se muitas dificuldades e lacunas no que se refere à atuação dos profissionais de saúde das UBSFs, principalmente em relação à violência psicológica. Tal situação ocorre devido à inexistência de capacitações relativas a esse problema, inviabilizando sua identificação e as intervenções adequadas. Os profissionais utilizam parâmetros a partir de suas experiências de vida, impedindo a detecção desse tipo de violência e rompimento do seu ciclo, no contexto intrafamiliar. O vínculo entre profissionais e usuários se constitui em importante ferramenta para o estabelecimento de uma relação de confiança, facilitando, desta forma, a aproximação das famílias as UBSFs. Os profissionais de saúde, por sua vez, ainda apresentam forte tendência a priorização dos sintomas físicos e suas ações permanecem pautadas em tais evidências, sendo a violência psicológica subestimada e não identificada pelos mesmos. Conclui-se que, apesar do Brasil ter Políticas de Saúde e Políticas para o Enfrentamento da Violência muito bem elaboradas no que tange aos seus princípios e diretrizes em seu arcabouço teórico, ainda está longe de efetivá-las na prática, o que mostra sérias lacunas para a promoção da saúde em famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade.
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Dissertação - Lisiane Martins Volcão
Mecanismos Moleculares de Resistência a Fluoroquinolonas em Escherichia coli Isoladas de Infecções do Trato UrinárioAutor: Lisiane Martins Volcão (Currículo Lattes)
ResumoAs infecções do trato urinário (ITU’s) estão entre os casos mais comuns de consultas médicas, e configuram-se com uma das principais infecções nosocomiais. Escherichia coli costuma ser o microrganismo mais frequentemente isolado neste tipo de infecção, tanto em infecções adquiridas na comunidade como aquelas adquiridas no ambiente hospitalar. Esse agente é uma das principais enterobactérias presentes na microbiota humana, e seus fatores de virulência, como adesinas e flagelos, favorecem sua locomoção e adesão ao epitélio do trato urinário do hospedeiro. Para o tratamento de ITU’s, a principal classe de antibióticos (ATB) administradas são as fluoroquinolonas (FQ’s), geralmente de forma empírica, como ciprofloxacina (CIP) e norfloxacina (NOR). Entretanto, o aumento do seu consumo e consequentemente da frequência de resistência bacteriana tem se tornado um fato extremamente alarmante a nível mundial, pois no momento em que há decréscimo da suscetibilidade de agentes causadores de infecções, ocorre simultaneamente uma diminuição nas opções terapêuticas para o tratamento destas. Embora o principal mecanismo de resistência a FQ’s sejam as mutações na região determinante de resistência a quinilonas (QRDR) dos genes gyrA e parC, os quais codificam para as enzimas DNA girase e Topoisomerase que são os alvos das FQ’s, estão sendo também descritos genes presentes em plasmídeos os quais aumentam em baixo nível a resistência bacteriana a esta classe de ATB. Com isso, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a base molecular de resistência a FQ’s, com ênfase a presença de genes mediados por plasmídeos em E. coli isoladas de ITU’s, provenientes de pacientes atendidos no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., no município de Rio Grande, Rio Grande do Sul. No período de agosto de 2012 a julho de 2013, foram isolados um total de 236 E. coli causadoras de ITU’s. Estas cepas foram estocadas na bacterioteca do Núcleo de Pesquisa em Microbiologia Médica – FURG, sendo para o estudo, selecionadas todos os isolados de E. coli classificadas como produtoras de β-lactamases de espectro estendido (ESBL) e um mesmo número destes sem serem produtoras de ESBL, escolhidos de forma randomizada, sendo 50% sensíveis a CIP e NOR e 50% resistentes a estes ATB. A identificação bacteriana, bem como a definição de cepa produtora de ESBL foi realizada pelo Sistema Automatizado Phoenix® pertencente ao Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande. Para cada isolado foram determinadas concentrações inibitórias mínimas (CIM), frente a CIP e NOR conforme o CLSI (2012). Foi realizada através da técnica de PCR multiplex a detecção dos genes de resistência, qnrA, qnrB e qnrS. Nestes mesmos isolados foi realizada a investigação do gene aac(6’)-Ib e de sua variante aac(6’)-Ib-cr, através da técnica de PCR e posterior digestão enzimática com a enzima BtsCI, respectivamente. Logo, em todos os isolados que apresentaram pelo menos um destes genes, foi feita a amplificação da região QRDR’s e posterior sequenciamento para identificação de mutações em gyrA e parC. No total foram estudados 35 isolados de E. coli contendo ESBL, destes 83% resistentes a CIP e NOR. Das cepas com ausência de ESBL (n=36), menos de 40% dos isolados a CIM foi ≥ 128µg/mL a CIP e NOR. Houve detecção de qnrS em 4 isolados, qnrB em 2 isolados, não havendo isolados contendo qnrA. Dos 71 isolados analisados, em 31 pode ser visualizado a presença de aac(6’)-Ib, sendo destes, 93,5% caracterizados como aac(6’)-Ib-cr. Dos isolados submetidos ao sequenciamento (n=31), 38,7% apresentaram múltiplas mutações no gene gyrA e parC, e em 8 não foram detectadas nenhuma mutação na região pesquisada. Ao analisar os níveis de CIM, a presença de ESBL e genes de resistência, e a frequência de mutações cromossômicas, pode-se observar a forte associação entre mutações em gyrA e parC com a resistência a FQ’s. Neste estudo não foi demonstrada correlação entre níveis de resistência a CIP e NOR com a presença de ESBL, genes qnr e a variante aac(6’)-Ib-cr.
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Dissertação - João Luís Rheingantz Scaini
Modelagem Molecular da Bomba de Efluxo TapAutor: João Luís Rheingantz Scaini (Currículo Lattes)
ResumoA Tap é uma bomba de efluxo de micobacterias cuja sobrexpressão está associada a Tuberculose multidroga resistente. A Tap de Mycobacterium tuberculosis (Rv1258c) induz a resistência a tetraciclina e aminoglicosídeos e é associada à resistência a rifampicina, isoniazida e ofloxacina. A chave para o planejamento de inibidores de efluxo clinicamente efetivos pode considerar as estruturas e alterações conformacionais das Bombas de Efluxo. O objetivo deste trabalho consiste em construir modelos da bomba de efluxo Tap e, a partir de ferramentas de avaliação e dinâmica molecular, determinar um modelo adequado para o planejamento de inibidores de efluxo específicos. Foram construídos modelos tridimensionais para a bomba de efluxo Tap utilizando os softwares Phyre2, Itasser e Modeller. Os métodos técnicas de validação Verify3D, MolProbity e ModFold foram utilizadas para determinar a qualidade estereoquímica dos modelos. Cinco modelos foram eleitos como os mais confiáveis quanto suas características estereoquímicas a partir dos resultados das métodos técnicas de validação. A estabilidade destes cinco modelos foi analisada com simulações por Dinâmica Molecular (DM) de 50 ns utilizando o software GROMACS 5.0. Medimos a estabilidade durante a DM através do RMSD (Root-mean-square deviation of atomic positions), que mostra a distância em angstrom entre a estrutura em momentos da dinâmica em comparação a estrutura anteriormente a dinâmica. O sítio de ligação dos cinco melhores modelos foi determinado a partir de uma combinação entre os resultados gerados pelos softwares 3DLigandSite e COACH. Os sítios de ligação de cada modelo foram avaliados com experimentos de docagem molecular com os ligantes tetraciclina e rifampicina usando os softwares Autodock Vina 1.1.2 e Autodock Tools. Os modelos gerados utilizando Phyre2 (Tap-Phyre2) e Itasser (Tap-Itasser) foram os melhores considerando as três técnicas de validação e afinidade dos sítios de ligação por tetraciclina e rifampicina. Tap-Phyre2 tem a melhor estrutura geral, pois tanto sua estrutura total quanto o conjunto de suas hélices apresentaram o RMSD mais estável durante os 50 ns da simulação de Dinâmica Molecular, enquanto Tap-Itasser obteve o sítio de ligação mais estável durante os 50 ns de simulação. Concluímos que Tap-Phyre2 e Tap-Itasser foram os melhores modelos testados e podem ser utilizados como ferramentas para o planejamento de inibidores de efluxo específicos para Tap.
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Dissertação - Lucas Moreira dos Santos
Fatores associados a infecção de GB vírus C em parturientes HIV positivas e seus neonatos atendidos em um Hospital Universitário no Sul do BrasilAutor: Lucas Moreira dos Santos (Currículo Lattes)
ResumoO GBV-C é um vírus linfotrópico que apresenta competitividade para o receptor celular CD4, interferindo com o ciclo replicativo do HIV. Contudo, em 2010, sua associação a linfomas não-Hodgkin influenciou em uma nova ênfase aos estudos deste vírus. Em gestantes, a escassez de estudos não permite avaliar os fatores de risco para transmissão vertical do GBV-C, bem como se há algum malefício a gestante ou recém-nascido ainda não evidenciado. Desta forma, o objetivo do estudo foi estimar a prevalência de GB vírus C (GBV-C) e seus fatores associados em parturientes HIV positivas atendidas no Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande. Foi utilizada a técnica de PCR para diagnóstico de infecção por GBV-C em 60 gestantes atendidas em um período de 5 anos e os prontuários das gestantes foram analisados para a coleta de variáveis. A prevalência de GBV-C foi de 25,4% e a transmissão vertical ocorreu em 31,2% dos recém-nascidos. Através da análise estatística, foi demonstrado que a infecção por GBV-C não influenciava no prognóstico para HIV. A ausência de pré-natal foi o principal fator de risco, após a exclusão de fatores de confusão na análise multivariada. Através desse estudo, concluímos que o GBV-C não afeta clinicamente o recém-nascido e que a educação sexual, exercida durante o pré-natal, é a principal fator de proteção a esse vírus.
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Dissertação - Gabriela de Moraes Soares
Perfil epidemiológico da população de uma creche para Toxocara spp., Toxoplasma gondii e parasitos intestinais, no sul do BrasilAutor: Gabriela de Moraes Soares (Currículo Lattes)
ResumoIntrodução: As creches têm desempenhado um importante papel social para a educação e desenvolvimento das crianças, porém, estes locais podem se constituir em ambientes favoráveis à transmissão de parasitos. Objetivo: Verificar o perfil parasitológico de crianças de três a seis anos e funcionárias de uma creche da cidade do Rio Grande - RS, Brasil. Metodologia: A creche apresenta condições sanitárias adequadas. Na primeira etapa deste estudo, foi realizada a pesquisa de parasitos intestinais nas fezes de crianças e funcionárias da creche, pelo exame macroscópico e técnicas de Ritchie, Faust, Rugai e Kinyoun. Na segunda etapa, foi realizada pesquisa sorológica (IgG) em 41 crianças e nas funcionárias, pelo ensaio imunoenzimático, associado ao antígeno de excreção e secreção de Toxocara canis, e pela técnica de imunofluorescência indireta para pesquisa de Toxoplasma gondii. Também foi aplicado um questionário epidemiológico fechado e estruturado aos pais e as funcionárias. Resultados: A positividade para os enteroparasitos nas crianças foi de 16%, sendo Giardia lamblia e Trichuris trichiura os mais frequentes, e uma funcionária apresentou positividade para G. lamblia. Em relação a sorologia para Toxocara spp. e T. gondii, 43,9% e 17,1% das crianças e 41,7% e 75% das funcionárias apresentaram soropositividade, respectivamente, sendo esta a principal associação observada. A renda familiar e a escolaridade baixas dos pais foram as condições mais frequentes entre as famílias das crianças diagnosticadas com os parasitos pesquisados. A maioria dos pais das crianças com diagnóstico de enteroparasitos e sorologia para Toxocara spp. utiliza apenas água para a higienização de verduras, legumes e frutas. Esta prática de higienização também foi referida por 50% das funcionárias. Além disso, 66,7% das crianças e 80% das funcionárias soropositivas para Toxocara spp. têm contato com cães. O conhecimento dos pais e das funcionárias da creche foi insuficiente para identificar os sintomas das parasitoses intestinais. Conclusão: Com base nas condições estudadas, conclui-se que é importante que sejam fornecidas para a população informações efetivas de boas práticas de desinfecção de alimentos e de riscos específicos de infecção, visando a prevenção da infecção e desenvolvimento de doenças, tais como as parasitoses intestinais, toxocaríase e toxoplasmose.
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Dissertação - Deise Machado dos Santos
IMPACTO DO POLIMORFISMO DA IL-28B NA FIBROSE HEPÁTICA E RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA NA HEPATITE C CRÔNICA, GENÓTIPOS 2 E 3Autor: Deise Machado dos Santos (Currículo Lattes)
ResumoO vírus da hepatite C (HCV) é considerado um grave problema de saúde pública. Estima-se que 3% da população mundial esteja infectada. Sabe-se há muito tempo que existe uma correlação entre os genótipos do HCV e a resposta terapêutica e vários estudos correlacionam a influência do polimorfismo genético com a resposta antiviral. A resposta ao tratamento, depende de fatores virais tais como o genótipo viral e a carga viral e fatores genéticos do hospedeiro. O genótipo da interleucina 28B (IL-28B) tem sido indicado como um forte preditor de resposta terapêutica nos pacientes HCV do genótipo 1 cujo tratamento tem como base o Interferon peguilado (PEGIFN). A relevância clínica da genotipagem da IL-28B no tratamento dos pacientes infectados pelo HCV genótipos 2 e 3 permanece controvérsia. Como foram introduzidos tratamentos específicos e promissores para o genótipo 1, os médicos e pesquisadores concentram-se em pacientes infectados pelo genótipo não 1 do HCV, particularmente o genótipo 3. Portanto, este trabalho objetivou avaliar o impacto do polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) da IL- 28B nos genótipos 2 e 3 do HCV associados com o grau de fibrose hepática, segundo a classificação de Metavir e resposta virológica sustentada (RVS). Dados obtidos através de um questionário e variáveis bioquímicas foram associados ao HCV. Este é um estudo transversal realizado entre janeiro de 2012 e dezembro de 2014, que envolveu 103 pacientes atendidos no centro de aplicação e monitorização de medicamentos injetáveis (CAMMI) da cidade Rio Grande/RS - Brasil. A análise da região rs12979860 da IL-28B, foi realizada por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Os pacientes de cor da pele branca apresentaram chance 3,15 vezes maior de ter RVS do que aqueles de cor da pele não branca (p=0,046). Pacientes com graus maiores de fibrose (F3/F4) obtiverem menores taxas de RVS. Entre os GT3, a RVS foi de 84% em pacientes com graus menores de fibrose (F0/F1/F2) e de 67,7%, em pacientes com graus maiores de fibrose. Os GT3 apresentaram fibrose F3/F4 quase duas vezes superior àqueles com GT2 (59,7% versus 33,3%). Os pacientes com genótipo CC da IL-28B apresentaram chance cerca de 3,8 vezes maior para apresentar RVS em relação àqueles pacientes com genótipo TT da IL- 28B. A chance de apresentar fibrose avançada nos pacientes com genótipo TT da IL-28B foi 3,6 vezes maior do que nos pacientes com genótipo CC. Considerando os resultados obtidos, o polimorfismo no gene da IL-28B permanece sendo uma ferramenta importante na predição de resposta ao tratamento antiviral dos pacientes com genótipo 3, com graus maiores de fibrose.
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Dissertação - Jaqueline do Espírito Santo Costa
SÍFILIS CONGÊNITA: UM DESAFIO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MATERNO-INFANTILAutor: Jaqueline do Espírito Santo Costa (Currículo Lattes)
ResumoIdentifica-se o aumento global na incidência de casos da sífilis congênita, chegando a ser considerada em muitos países como uma infecção reemergente e causando transtornos para as administrações públicas. Tendo em vista que a SC é considerada um indicador da qualidade de assistência à saúde materno-fetal, investigar os índices de tal agravo em âmbito municipal favorece a criação de medidas mais eficazes para prevenção e tratamento. Objetivou-se descrever o panorama epidemiológico da Sífilis Congênita (SC) em um município do extremo sul do Brasil de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e descritivo, que foi realizado através de coleta documental, nas fichas de notificação para SC e no banco de dados do SINAN, referentes ao período de 2010 a 2015, disponíveis na vigilância epidemiológica. Foram notificados 134 casos de SC. Nenhum dos formulários apresentou-se completo, tendo em média 13,9 variáveis em branco (DP= 4,8), do total de 66 variáveis do formulário. Os casos notificados no município se apresentaram crescentes ao longo do período estudado, com certa estabilidade do ano de 2014 para 2015. Com relação às mães, a média de idade foi de 25 anos (DP=: 5,8) e 64 (47,8%) eram de cor branca. A maioria dos diagnósticos de sífilis materna ocorreu durante o pré-natal 70 (52,2%), e 89 (66,4%) mães realizaram esse acompanhamento. Conclui-se que a incidência de SC apresenta-se crescente e os profissionais de saúde têm relegado sua responsabilidade com relação ao registro desse agravo. As altas taxas de dados ignorados nos formulários de notificação prejudicam o estabelecimento do panorama epidemiológico da infecção, o que certamente dificulta a plena atuação dos órgãos públicos de vigilância.
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Dissertação - Flávia Saraçol Vignol
AVALIAÇÃO DA ESTATURA DAS CRIANÇAS COM ASMA ATENDIDAS EM DOIS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS NO SUL DO BRASILAutor: Flávia Saraçol Vignol (Currículo Lattes)
ResumoIntrodução e Objetivos: Os efeitos do uso dos corticosteróides inalados (CI) sobre o crescimento de crianças com asma, são geralmente avaliados por ensaios clínicos randomizados, mas estudos observacionais podem fornecer informações adicionais. Este estudo teve como objetivo, avaliar o crescimento de crianças com asma persistente que usam regularmente CI, comparando com aquelas com asma intermitente. Métodos: Foi realizado um estudo observacional em dois hospitais de ensino no Sul do Brasil. Foram recrutadas crianças com asma persistente usando CI e crianças com asma intermitente, pareadas por idade. O crescimento das crianças foi medido pela altura absoluta (cm), altura/idade: déficit de estatura (<-2 escores Z), e os padrões de crescimento (crescimento catch-up, crescimento suprimido, déficit de estatura persistente e crescimento normal). Resultados: Dos 323 pacientes incluídos, 217 apresentaram asma persistente e fizeram uso de CI e 106 tinham asma intermitente. A altura média no momento do estudo foi de 120,4 ± 16,3 cm e 120,7 ± 16,7 cm no grupo asma persistente e intermitente, respectivamente (p = 0,89). Nove pacientes (2,8%) apresentaram déficit de crescimento no momento do estudo; cinco com asma persistente e quatro com asma intermitente. Apenas quatro pacientes (dois de cada grupo) tinham padrão de crescimento suprimido (comprimento normal ao nascimento, mas com déficit de crescimento no momento do estudo). A maioria dos pacientes com déficit de crescimento ao nascimento atingiram altura/idade normal no momento do estudo em ambos os grupos (93,8% vs. 92,0%, p=1,0). Não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos em relação ao déficit de crescimento no momento do estudo e padrão de crescimento. Conclusões: Não há diferença significativa na altura e no padrão de crescimento entre as crianças com asma persistente que usam CI regularmente e aqueles com asma intermitente que não foram tratados com CI.
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Dissertação - Priscila Wittemberg Azevedo
CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS ATENDIDAS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM TRAUMATOLOGIA NO EXTREMO SUL DO BRASILAutor: Priscila Wittemberg Azevedo (Currículo Lattes)
ResumoAs quedas representam um problema de saúde pública que precisa ser melhor conhecido e equacionado pelos gestores de saúde. Este estudo teve como objetivo geral conhecer os principais fatores que influenciam as quedas e consequências destes episódios em indivíduos atendidos no serviço de Pronto Atendimento em um hospital de referência em traumatologia em um município do extremo sul do Brasil. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa descritiva, de caráter censitário que incluiu os indivíduos que buscaram este serviço de Pronto Atendimento entre meados de abril e julho de 2015. Para a coleta de dados foi utilizado um instrumento contendo questões fechadas e abertas que permitiu a caracterização da amostra, a compreensão do histórico e características das quedas e suas principais consequências. Foi realizada uma análise descritiva dos dados com distribuição das frequências, cálculo das médias das variáveis contínuas e a associação entre as variáveis foi testada por meio do Qui-Quadrado. A amostra deste estudo, constituída por 818 sujeitos vítimas de queda, representou 95,2% dos atendimentos nesse serviço de saúde durante os três meses de coleta de dados. A maioria das vítimas de queda era do gênero feminino (54,9%) e oriundas do próprio município (87,8%). Destaca-se as porcentagens proporcionalmente elevadas de crianças < de 10 anos (19,6%) e de ≥ 60 anos (30,8%). Na estratificação por gênero e idade, entre os mais jovens (< 20 anos) verifica-se porcentagens mais elevadas (p<0,00) de quedas no gênero masculino (43,1%). Já entre os idosos (> 60 anos), as mulheres são as vítimas mais frequentes (41,7%). Dos entrevistados, 48,5% possuíam renda família per capita entre 1⁄2 e 1,5 salários mínimos. Dentre os tipos de queda, o episódio mais prevalente foi aquele que ocorreu no mesmo nível por escorregão ou tropeção (41,8%), seguido pelas quedas envolvendo cadeiras e outras mobílias (11,9%) e as quedas de ou em escadas ou degraus (7,9%). Ressalta-se que 52,8% das vítimas apresentavam antecedentes de queda. Na separação por faixa etária, as quedas do mesmo nível por escorregão ou tropeção foram mais prevalentes entre os idosos (56,3%; p<0,00) e as envolvendo mobília mais frequentes entre as crianças e adolescentes (21,7%; p<0,00). Os locais de queda mais frequentes foram a própria residência (52,2%), a via pública (19,1%) e o local de trabalho (12,6%). A análise por faixa etária mostrou que a residência foi o local de queda mais frequente dos idosos (67,7%) e de crianças e adolescentes (50,9%). Dos participantes que referiram atendimento prévio em outra unidade de saúde (34,5%), menos da metade buscou a Unidade Básica de Saúde. A condução própria foi o meio mais utilizado para locomoção até o serviço, sendo a ambulância referida em 29,0% dos casos. As contusões (40,1%), as fraturas (24,8%) e os cortes (17,1%) foram as lesões mais frequentes. Entre as fraturas se destacam as de membro superior (11,2%). Na estratificação por idade destacam-se maiores porcentagens de fraturas de membro superior entre os mais jovens (14,6%; p=0,03). Os cortes são mais frequentes (p<0,00) nas crianças e adolescentes (20,2%) e nos idosos (21,0%). Os adultos (20 a 59 anos) apresentaram as maiores porcentagens de entorses/luxações (11,8%; p<0,00). Das vítimas de queda somente 19,8% receberam alta após o atendimento sem necessitar de algum tipo de procedimento adicional. Destaca-se que 72,7% da amostra realizou algum tipo de exame diagnostico complementar, 7,7% necessitou de internação e 5,3% fizeram cirurgia. A duração média da internação foi de 6,3±4,5 dias. A necessidade e o tempo de internação significativamente aumentaram (p<0,00) com o aumento da faixa etária. Seis vítimas de queda participantes do estudo foram a óbito. Na estimativa dos custos verificou-se que a realização de exames diagnósticos complementares representou um custo adicional médio de R$ 19, 26 (+14,04) por paciente. O custo médio de internação por indivíduo foi de R$ 1.564,82. Os resultados mostram que as quedas se caracterizam como um importante problema de saúde pública para o município e região. Considerando-se as consequências das quedas para a saúde e qualidade de vida das pessoas, e os custos para o poder público, ressalta-se a necessidade de uma maior atenção por parte dos profissionais de saúde no que concerne ao planejamento e implantação de ações que visem a redução desse tipo de episódio principalmente voltadas para crianças e idosos. Destaca-se ainda que uma abordagem ampla e resolutiva para essa questão extrapola o setor saúde exigindo um comprometimento intersetorial.
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