MANEJO DA ASMA NAS ESCOLAS NO EXTREMO SUL DO BRASIL

Autor: Juliaa Carvalho Cabral (Currículo Lattes)

Resumo

Introdução: A asma é a enfermidade crônica não transmissível mais comum da infância e da adolescência, resultando em alta morbi-mortalidade. Visto que crianças e adolescentes passam a maior parte do tempo nas escolas, é fundamental que as instituições tenham condições e estrutura adequadas para o manejo da asma frente a crises agudas e inesperadas, para que possam ter ações rápidas e adequadas evitando morbidades e desfechos desfavoráveis. Nesse sentido, o objetivo deste projeto foi investigar as condições e o preparo das escolas no manejo de escolares com asma no extremo sul do Brasil. Também foi investigado o conhecimento dos professores de Educação Física (ou na falta desse, professores de recreação infantil) no manejo da crise de asma. Igualmente se analisou as opiniões e expectativas da gestão escolar e dos professores sobre o manejo de asma no ambiente escolar.
Método: Trata-se de estudo transversal descritivo com abordagem quantitativa e qualitativa, junto às escolas da rede pública e privada do município de Rio Grande -RS, localizadas nas regiões urbanas e rurais. A pesquisa foi composta por duas partes: a primeira para coletar as informações das escolas, realizou-se com os (as) diretores (as), ou na falta desse, coordenadores (as) que fazem parte da gestão escolar. As variáveis estudadas foram relacionadas com condições físicas e humanas das escolas para o manejo de escolares com asma. A segunda parte realizou-se com os professores dessas instituições de ensino, onde a variável foi o conhecimento dos professores no manejo de escolares em crise de asma. Totalizou-se uma amostra de 167 participantes (84 gestores escolares e 83 professores de Educação Física ou recreação). Os gestores foram entrevistados utilizando-se questionário semiestruturado e os professores responderam um questionário auto aplicado. Os dados foram duplamente digitados através do programa Microsoft Excel 2010. As análises estatísticas foram realizadas usando o software STATA versão 15.0. Os dados foram apresentados por meio de números absolutos e frequência. O teste do qui-quadrado de Pearson foi utilizado para comparação das variáveis categóricas. Foi considerado como significativo o valor do p menor que 0,05. A abordagem qualitativa foi utilizada para a síntese de dados sobre opiniões e expectativas dos gestores e professores sobre o manejo de asma no ambiente escolar.
Resultados: Apresentam-se aqui, somente, os resultados sobre as condições da escola no manejo de escolares com crise de asma. Os resultados sobre conhecimento dos professores e opiniões e expectativas da gestão escolar e dos professores serão apresentados posteriormente. Apenas três escolas (3,6%) informaram a existência do plano de ação para asma (PAA). Uma minoria possui enfermeiro ou equipe de saúde (n = 7, 8,3%) e um local específico para atendimentos aos alunos com problemas de saúde (n = 11, 13,1%). Observaram-se altas prevalências de não permissão para a entrada do aluno com medicação na escola (50%), e de indisponibilidade de dispositivos inalatórios (95,2%) e medicamentos (97,6%) para crise de asma. Comparadas com instituições públicas, aquelas de ensino privado tiveram maiores prevalências de presença de enfermeiro escolar ou equipe de saúde na escola (4,4% versus 26,7%; p = 0,005), de disponibilidade do local para atendimento de escolares com problemas de saúde (5,8% versus 46,7%; p = 0,001), de permissão para levar a medicação para a escola (43,5% versus 80,0%; p = 0,01), e de fornecimento de curso ou treinamento em asma (4,4% versus 20,0%; p = 0,033).

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO