PREMATURIDADE TARDIA NO EXTREMO SUL DO BRASIL: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL
Autor: Adriana Kramer Fiala Machado (Currículo Lattes)
Resumo
Segundo a OMS, cerca de 70% dos nascimentos prematuros ocorrem entre a 34o e 36o semana gestacional, período o qual foi definido como prematuridade tardia (PTT). Essas crianças, quando comparadas às nascidas a termo, apresentam maior risco de morbidades e de mortalidade. O presente estudo tem por objetivo medir a ocorrência de prematuridade tardia e identificar fatores associados entre recém-nascidos do município de Rio Grande, RS, em 2013.Trata-se de um estudo transversal de base populacional conduzido nas duas únicas maternidades locais durante o ano de 2013. Fizeram parte do estudo todas as mulheres residentes em área urbana ou rural, com recém-nascido de feto único ocorrido entre a 34o e 36o semana gestacional. As informações foram coletadas por entrevista à puérpera nas primeiras 48 horas após o parto. A idade gestacional foi determinada a partir da ultrassonografia (US) realizada entre a 6o e a 20o semana de gestação, método considerado como o mais preciso para esta estimativa. Entretanto, quando não continha a US ou essa estava fora do período acima citado, foi preferencialmente utilizado a data da última menstruação (DUM) anotada no Cartão da Gestante, ou então, na ausência deste, a referida pela entrevistada.Na análise dos dados utilizou-se regressão de Poisson com ajuste robusto da variância, obedecendo à modelo hierárquico prévio. A medida de efeito utilizada foi a razão de prevalências (RP). Dentre os 2.286 nascimentos incluídos no estudo, 11,8% (IC:95% 10,5-13,1) apresentavam prematuridade tardia. Após análise ajustada, a RP para ocorrência de prematuridade entre mães de cor da pele preta foi de 1,40 (1,01-1,96) em relação àquelas de cor branca; de 1,74 (1,23-2,45) entre aquelas que realizaram menos de seis consultas de pré-natal em comparação às que realizaram nove ou mais; de 1,36 (1,11-1,68) se classificadas como depressivas e de 1,29 (1,01-1,65) para aquelas submetidas à cesariana em comparação às que realizaram parto normal. Os resultados obtidos sugerem existência de iniquidade em relação à cor da pele e importante impacto das consultas de pré-natal sobre o desfecho. Mostrou ainda a necessidade de investigar possível associação entre depressão materna, ocorrência de cesariana e prematuridade tardia.
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