EXPERIÊNCIA DA PATERNIDADE EM UM CONTEXTO DE DEPRESSÃO PÓS-PARTO MATERNA À LUZ DA TEORIA BIOECOLÓGICA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Autor: Carolina Lopes França (Currículo Lattes)
Resumo
A maioria dos estudos referentes à Depressão Pós-Parto (DPP) até então realizados, encontram-se voltados para o exercício da maternidade e as dificuldades na relação mãe-bebê. Existem poucas pesquisas nacionais e internacionais relativas às necessidades do pai inserido no contexto da DPP, evidenciando seus sentimentos, capacidade de enfrentamento e expectativas frente à paternidade e as relações conjugais. Em função disso emergiu a vontade de realizar o presente estudo. O objetivo foi conhecer a maneira como se estabelecem as relações conjugais e parentais, a partir da percepção dos pais/companheiros, no contexto da depressão pós-parto materna. Para isso objetivou-se também avaliar a dinâmica familiar frente à DPP; identificar o conhecimento do pai acerca da doença suas ações nesse contexto; identificar as necessidades desse homem, bem como, observar os fatores de risco que interferem na participação paterna durante esse episódio. Foi uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório descritivo, realizada com seis pais de bebês, filhos de puérperas com DPP, os quais nasceram nas maternidades dos hospitais do município do Rio Grande. Os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. A coleta dos dados foi realizada por meio do diário de campo e da entrevista semiestruturada. Foi utilizada a Análise de Conteúdo de Bardin (2011), a partir da qual emergiram quatro categorias: Relações parentais ao longo do tempo: percebendo meu pai antes e após ser pai; Influências da família de origem e apoio familiar no processo de construção da paternidade; Relações conjugais, depressão pós-parto e funções paternas; Ser pai no século XXI. Os resultados mostraram que os conflitos conjugais se constituem em importante fator de risco para o exercício da paternidade no microssistema familiar; os participantes identificaram os sinais e sintomas da DPP em suas parceiras; demonstraram refletir acerca da construção da paternidade a partir da experiência com seus genitores; verbalizaram como se dá a relação pai-bebê, ou seja, ocorre a manifestação dos afetos positivos, mesmo quando esta ocorre em um curto período de tempo. Concluiu-se que os homens apresentam grande dificuldade em participar da pesquisa, sendo que um dos motivos principais foi a ausência de disponibilidade devido ao trabalho. Outras causas não puderam ser identificadas. Os membros das famílias que vivem em um contexto de DPP não recebem informações acerca da doença, tampouco são incluídos no tratamento. Além da lacuna deixada pelas instituições de saúde, as políticas públicas de saúde do homem não contemplam, nem valorizam o exercício da paternidade para o funcionamento mais saudável do microssistema familiar. A lei também não determina um maior período de permanência do homem junto à família, após o nascimento do bebê, este tempo é fundamental para que a construção da paternidade seja mais efetiva em termos de inserção do pai nos cuidados com o bebê, facilitando as relações proximais e da participação do mesmo nas rotinas domésticas cotidianas. Há necessidade da ampliação de pesquisas a serem realizadas em relação à figura paterna no contexto da depressão pós-parto materna, a fim de mostrar a relevância do macrossistema como rede de apoio para essas famílias, com o objetivo de promover sua saúde, principalmente emocional.
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