TOXOCARÍASE VISCERAL: CONHECIMENTO, SOROPREVALÊNCIA E BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIOS DE PESQUISA DA ÁREA DA SAÚDE
Autor: Gabriela Torres Mattos (Currículo Lattes)
Resumo
A toxocaríase humana é considerada uma parasitose negligenciada mundialmente, que tem o nematoide Toxocara canis como principal agente etiológico, muitos estudos realizados nesta área envolvem a manipulação de formas infectantes deste parasito. Até então, não tinha sido realizada pesquisa, visando determinar a taxa de soroprevalência, investigar o nível de conhecimento sobre toxocaríase e conhecer as práticas laboratoriais realizadas por profissionais e discentes que manipulam ovos embrionados de T. canis. Este estudo transversal, com amostra por conveniência, envolveu 29 pessoas entre docentes, técnicos e discentes de graduação e pós-graduação que manuseavam formas infectantes de T. canis (grupo exposto - GE) e 45 que não manuseavam (grupo não exposto - GNE), oriundos de duas universidades federais da região Sul do Brasil, no período de julho de 2012 a fevereiro de 2015. Os 74 sujeitos da pesquisa responderam um questionário autoaplicável com questões fechadas. Também foi realizada análise do soro dos 74 participantes, pelo ensaio imunoenzimático (ELISA), associado ao antígeno de excreção e secreção de T. canis (TES), para detecção de IgG, IgG4 e IgE específicas. Foi registrada soroprevalência geral (IgG) de 14,9% (11), sendo que desta 13,8% (4) foi do GE e 15,6% (7) do GNE, não havendo diferença entre os grupos (p=0,556). Destes, apenas um discente do GNE apresentou positividade para IgG4 específica e nenhum dos sujeitos da pesquisa foi positivo para IgE específica. Com relação ao conhecimento, a maioria dos entrevistados do GE respondeu corretamente sobre o principal modo de infecção. Considerando os dois grupos, 63,5% dos entrevistados identificaram todos os símbolos de biossegurança. Dos profissionais e discentes de ambos os grupos 13 entrevistados relataram ter tido algum acidente laboratorial, 30,8% (4) realizaram notificação, pois estavam manipulando sabidamente um agente patogênico. Apesar de não haver diferença entre as taxas de soro prevalência do GE e GNE, foi observada negligencia do GE (7,4% e 13,8%) ao não usar luvas ao manusear estufa e copos de incubação de ovos de T. canis. Diante do exposto, o contato rotineiro com agentes biológicos deve ser motivo de reflexão e intervenção, entre os profissionais da área da saúde. O conhecimento sobre biossegurança deve ser reiteradamente entre todos que frequentam o laboratório.
TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO