Dissertação - Mariana Martínez Rodrigues

Mutações de resistência ao HIV 1 em crianças e adolescentes virgens de terapia e em falha virológica

Autor: Mariana Martínez Rodrigues (Currículo Lattes)

Resumo

Mesmo existindo protocolos para prevenir a transmissão vertical (TV) do HIV-1, esta taxa, no Brasil, ainda é de 4%. Há muito a ser feito para atingir a meta de transmissão vertical zero proposta pela Organização Mundial da Saúde. Foi realizado um estudo transversal e bidirecional incluindo todas as crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, HIV positivos por TV, com genotipagens realizadas pela RENAGENO, de janeiro de 2005 a de dezembro de 2014, e analisadas nos hospitais universitários de Rio Grande (HU-FURG) e Santa Maria (UFSM-HUSM), RS, Brasil. O objetivo foi estudar a prevalência de resistência transmitida em crianças virgens de tratamento antirretroviral, a frequência dos diferentes tipos de mutações de resistência ao HIV 1 em crianças e adolescentes em falha terapêutica e a prevalência dos diferentes subtipos virais, correlacionando-os com as mutações encontradas. Os pacientes foram divididos em dois grupos: O grupo 1, com pacientes virgens de tratamento antirretroviral nos quais foi estudada a presença de mutações de resistência transmitida (RT), e o grupo 2, composto por pacientes em falha terapêutica, em que foi estudada a presença de mutações de resistência adquirida (RA). A pesquisa foi submetida e aprovada pelos Comitês de Ética em Pesquisa na Área da Saúde no HU-FURG e HUSM-UFSM sob os números 106/2013 e 127/2014 respectivamente e registrada no Conselho Nacional de Saúde conforme resolução 466/12. Os indivíduos foram convidados a entrar no estudo, e os que aceitaram tiveram seus prontuários analisados em ambas instituições. As mutações de RT foram analisadas segundo o algoritmo proposto pela Organização Mundial as Saúde 2009 e as de RA pelo Algoritmo da Sociedade Americana de Infectologia dos Estados Unidos da América (IAS-USA) 2014. Os dados foram digitados na planilha Excel e analisados no programa Stata 13.0. Foram aplicados o teste t de Student, qui quadrado, teste não paramétrico de Kruskal-Wallis e o teste exato de Fisher. O grupo 1 foi composto por 19 indivíduos enquanto que o grupo 2 por 44 indivíduos e 54 genotipagens. O grupo 1 teve menor média de idade no momento da genotipagem, maior carga viral e maior CD4 do que o grupo 2 (p=0,001, 0,0006 e p= 0,003) respectivamente. O subtipo foi conhecido em 59 indivíduos, onde 39 (66,1%) pertenciam ao subtipo C, 11 (18,6%) ao B, 1 (1,7%) ao F1 e 8 (13,6%) são formas recombinantes BC/BF1. A prevalência de RT foi de 5,3%, com a mutação K103N encontrada em 1 dos 19 indivíduos. A RA foi de 92,6%, sendo 87% aos ITRN, 74% aos ITRNN e 27,7% aos IP. Quando analisadas as vias mutacionais aos análogos nucleosídeos nos subtipo C e não-C, a TAM 2 foi mais prevalente no subtipo C (p=0,02). Não houve diferença estatisticamente significativa em relação as mutações de ITRNN e IP e subtipos virais. São necessários estudos de maior abrangência em crianças para melhor conhecer a biologia molecular e as taxas de resistência no Brasil.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO