SÍFILIS: IMPLICAÇÕES DO SEU DES(CONHECIMENTO)
Autor: Jaqueline do Espírito Santo Costa (Currículo Lattes)
Resumo
Um dos pilares para conter o avanço de uma infecção de propagação sexual é o conhecimento acerca da mesma, seus sintomas, vias de transmissão, tratamento e prevenção. Partindo desse pressuposto, o presente estudo buscou identificar a percepção e conhecimento de mães de crianças diagnosticadas com sífilis ao nascer e de profissionais da área materno-infantil acerca da sífilis. Tratou-se de um estudo exploratório descritivo do tipo qualitativo que foi realizado em um hospital universitário e público e em unidades básicas de saúde situados no extremo sul do Brasil. A coleta de dados deu-se nos meses de dezembro de 2019 a novembro de 2020, por meio de entrevistas guiadas por questionários semiestruturados, gravadas e posteriormente transcritas. Participaram do estudo 40 profissionais da área materno-infantil, além de 20 puérperas. Os dados foram tratados por meio de análise textual discursiva. Os resultados foram agrupados em dois artigos intitulados: ―Manejo da sífilis por profissionais da área materno-infantil: conhecimentos, crenças e práticas‖ e ―A infecção pela sífilis sob a visão feminina‖, contabilizando a geração de nove categorias de achados. Foi possível identificar nas falas dos profissionais entrevistados equívocos relacionados ao manejo adequado da sífilis na gestante e suas parcerias e também com relação à sífilis congênita. Conhecimentos básicos acerca da evolução da sífilis, fisiopatologia e tratamento foram insipientes. Houve inclusive falas em desacordo com os principais protocolos científicos vigentes. Por outro lado, profissionais também demonstraram entendimento da temática e preocupação com a clientela atendida, mesmo em contextos de barreiras organizacionais. Com relação às mães entrevistadas, conceitos básicos sobre e saúde e autocuidado mostraram-se deficitários. Nas falas maternas emergiram relatos de reinfecção, ausência de tratamento e poucas ou nenhuma consulta de pré-natal. Questões de gênero também parecem imbricadas ao ciclo de reinfecção materna e infecção congênita. Foi percebida a existência de lacunas no saber, de crenças culturais e sociais, da aplicação de valores pré-concebidos, que de forma isolada ou em conjunto contrapõem a efetivação de uma adequada assistência aos pacientes adultos e pediátricos acometidos pela sífilis.
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