Tese - Carine Nascimento da Silva

Associação entre o uso de smartphone, dor e alterações posturais na coluna cervical em estudantes do ensino médio

Autor: Carine Nascimento da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

A adoção de posturas inadequadas durante o uso de smartphones pode resultar em complicações musculoesqueléticas, incluindo alterações posturais e sintomas dolorosos. Nesse contexto, investigar a relação entre o uso do smartphone, a postura cervical e a presença de dor podem contribuir para a implementação de estratégias preventivas e educativas. O objetivo desta tese foi avaliar a associação entre o uso de smartphones e a presença de dor e alterações posturais na coluna cervical em estudantes do ensino médio. Trata-se de um estudo transversal, realizado com estudantes de 15 a 22 anos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, campus Rio Grande, RS. Os dados foram coletados por meio de um questionário estruturado. O desfecho "dor na coluna cervical" foi avaliado utilizando o Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos. As alterações posturais foram investigadas por meio da fotogrametria. A exposição ao uso problemático de smartphones foi avaliada por meio da Smartphone Addiction Scale-Short Version, além de questões formuladas para examinar os hábitos de uso do dispositivo. Os dados foram analisados por meio do pacote estatístico Stata 14.0. Foi realizada análise univariada e foram calculadas a média e o desvio padrão, para variáveis numéricas. Para a análise entre a exposição uso de smartphone e dor na coluna cervical foi calculado as taxas de prevalência pelo teste do qui-quadrado e os resultados foram apresentados com seus correspondentes valores de p. Além disso, foi aplicada a regressão de Poisson com ajuste robusto de variância, com intervalos de confiança de 95% (IC95%). Para avaliar a associação entre o uso de smartphones e as variáveis de alterações posturais foi realizada a regressão linear (bruta e ajustada), sendo os resultados apresentados com coeficientes ß e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Foi adotado com nível de significância estatística p< 0,05. Entre os estudantes de 15 a 22 anos, a prevalência de dor cervical aguda foi de 53,6% (IC95%: 48,7 a 58,5). Constatou-se que estudantes que usaram seus smartphones na cama (RP = 2,21; IC95%: 1,07 a 4,55; p = 0,031), aqueles que relataram que o uso do smartphone atrapalha suas vidas (RP = 1,30; IC95%: 1,00 a 1,69; p = 0,046), e aqueles cujas as pessoas ao seu redor relatam uso excessivo do dispositivo (RP = 1,25; IC95%: 1,04 a 1,49; p = 0,014) foram mais propensos a relatar dor cervical aguda. Além disso, os resultados evidenciaram, entre adolescentes de 15 a 19 anos, que o uso de smartphones por 3 horas/dia esteve associado à anteriorização da cabeça em adolescentes do sexo feminino e inativos fisicamente (B = 10,8; IC95%: 0,63 a 20,9), bem como à protusão dos ombros nesse mesmo grupo ( B= 12,3; IC95%: 2,16 a 22,4). Ainda entre essas adolescentes, o uso problemático de smartphones associou-se à anteriorização da cabeça ( B= -11,6; IC95%: -20,5 a -2,76) e à protusão dos ombros ( B= -10,9; IC95%: -20,0 a -1,72). A identificação dessas associações entre o uso de smartphone, as alterações posturais e as dores musculoesqueléticas em uma faixa etária precoce ressaltam a relevância desta tese, uma vez que a ausência de intervenções preventivas pode levar ao agravamento progressivo dessas disfunções ao longo da vida. Ademais, os resultados obtidos enfatizam a importância da conscientização sobre os riscos posturais associados ao uso inadequado do smartphone.

TEXTO COMPLETO DA TESE

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