Dissertação - Nubia Rejane Goulart Oliveira

Resistência transmitida do HIV-1 aos antirretrovirais em um centro de referência para HIV/AIDS no extremo sul do Brasil

Autor: Nubia Rejane Goulart Oliveira (Currículo Lattes)

Resumo

A chamada resistência transmitida ou também denominada resistência primária (RTD) caracteriza-se pela infecção por cepas virais já resistentes do vírus da imunodeficiência humana do tipo 1 (HIV-1) em indivíduos sem histórico de tratamento. Esta condição representa um importante desafio para a saúde pública, uma vez que pode comprometer a eficácia dos regimes terapêuticos de primeira linha. A RTD aos antirretrovirais (ARVs) é uma realidade que vêm crescendo ao longo do tempo devido a exposição crescente a estes medicamentos. Apesar dos inquestionáveis resultados benéficos da terapia antirretroviral (TARV), a seleção de variantes com mutações de resistência e sua disseminação para os indivíduos ainda sem experimentação terapêutica contribui negativamente no manejo e sucesso terapêutico dos pacientes. Posto que esses indivíduos com infecção recente têm sido fortemente relacionados ao surgimento de novos casos, além de veicularem com maior probabilidade variantes virais resistentes. O objetivo deste estudo foi identificar a situação epidemiológica atual relacionada a RTD, classe de ARV e mutações envolvidas e subtipos virais do HIV-1 circulantes. Foram analisados 210 pacientes, maiores de 18 anos, com infecção recente pelo HIV-1 e indicação de genotipagem primária pelo protocolo do Ministério da Saúde, atendidos pelo serviço de Infectologia do HU-FURG-EBSERH do Hospital Universitário Miguel Riêt Correa Jr. Tratou-se de um estudo transversal retrospectivo entre janeiro de 2013 a dezembro de 2023, o qual analisou dados de genotipagem primária do HIV-1 contidos nos prontuários eletrônicos dos pacientes. A prevalência geral de RTD foi de 12,4%. Ocorreu um maior predomínio de mutações nos inibidores não-nucleosídicos da transcriptase reversa (INNTR) (11,42%), seguida de inibidores de protease (IP) (1.9%). Não foram encontradas mutações em inibidores nucleosídicos da transcriptase reversa (INTR). As prevalências dos subtipos do HIV-1 encontradas foram: subtipo C (70.5%), seguido de B (20.9%), F1 (4.3%) e Recombinantes (4.3%). O subtipo F1 foi associado como fator de proteção para RTD frente aos outros subtipos encontrados (B, C e Recombinantes). Ao final deste estudo, pode-se identificar que a cidade do Rio Grande apresenta nível moderado de RTD, sendo a mutação K103N a responsável pela maioria dos casos. O subtipo do HIV-1 de maior expressão segue sendo o subtipo C, com tendência estável de circulação nos últimos anos, seguido pelos subtipos B, F1 e Recombinantes, também com tendência estável de circulação. O subtipo F1 parece atuar como fator de proteção para RTD frente aos subtipos B, C e recombinantes. A substituição de esquemas terapêuticos contendo deve ser uma prioridade, assim como o monitoramento e investigação da resistência primária aos inibidores de integrase (II), para que sejam preservados os regimes contendo o Dolutegravir. Pesquisas relacionadas a esse tema contribuem para a vigilância e compreensão da resistência aos ARV em PVHIV, bem como para o monitoramento dos subtipos do HIV-1 circulantes na região, auxiliando na melhor conduta terapêutica e manejo dos pacientes.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO