Dissertação - Jéssica Medeiros Minasi

Prevalência do Papilomavírus humano em amostras de placenta materna e fetal de mulheres atendidas em um hospital do extremo sul do Brasil

Autor: Jéssica Medeiros Minasi (Currículo Lattes)

Resumo

O Papilomavírus humano (HPV) constitui-se em um dos mais importantes agentes etiológicos de quadros clínicos sintomáticos e assintomáticos de lesões dermatológicas verrucosas na epiderme, mucosas e nos mais diversos sítios. A infecção pelo HPV é atualmente considerada um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de colo do útero, sendo esse tipo de câncer o quarto mais frequente em mulheres, com cerca de 570 mil novos casos em 2018, representando 7,5% de todas as mortes femininas mundialmente. Existem mais de 200 tipos de HPVs sendo 40 deles responsáveis por infecções anogenitais. Os HPV são classificados como baixo risco e alto risco de acordo com a gravidade das lesões. Os tipos mais prevalentes de HPV de alto risco associados aos cânceres genitais e orais são os HPV-16, HPV-18. Os HPV-6 e HPV-11 estão mais comumente associados à papilomatose laríngea neonatal e às verrugas genitais e são considerados de baixo risco. A transmissão pode ocorrer através do contato da pele/mucosa com as áreas onde o vírus está presente, também se estabelece como uma infecção sexualmente transmissível (IST). Além de ser considerada uma IST, estudos recentes observaram o HPV como um agente de possível transmissão vertical. O momento da infecção do feto pode ocorrer tanto na via intrauterina (placentária), por exposição durante a passagem pelo canal de parto, e pelo manejo durante o aleitamento, através do contato com pele/ mucosas infectadas. Estudos constataram que a infecção pelo HPV pode ser transmitida de forma vertical, através da placenta com prevalência de até 70%, mas que não há reais evidências de consequências para o feto. O objetivo geral dessa pesquisa foi identificar o DNA do HPV em tecido placentário materno e fetal de mulheres atendidas em um Hospital Universitário do extremo Sul do Brasil. Foram selecionadas 327 amostras placentárias deciduais de gestantes atendidas entre os anos de 2011 a 2015 no Hospital Universitário da FURG. As amostras coriônicas foram triadas de acordo com a positividade das amostras maternas. Para a detecção do HPV foi realizado um PCR (nested) com os iniciadores MY09/MY11 e GP5/GP6. As variáveis foram analisadas pelo Teste Exato de Fisher e pelo Chi-quadrado de Pearson com o nível de significância < 5%. A força de associação foi calculada pela razão de prevalência e os seus intervalos de confiança a 95%. A prevalência de HPV nas placentas maternas foi de 16,8% (55/327 placentas) e nas placentas fetais 50% (24/48 placentas). Foram sequenciadas 14 amostras maternas e os genótipos mais frequentes foram HPV-16 e HPV-18. A média de idade das mulheres em geral foi de 25,6 anos (DP±7,17). A prevalência do HPV foi associada a escolaridade menor que oito anos de estudo (P =0,001). Quanto ao tipo de HPV, foi sequenciado quatorze amostras maternas (5%) e essas amostras apresentaram infecção por apenas um genótipo. Os resultados encontrados no sequenciamento foram: HPV-16 (78,6%) e HPV-18 (21,4%). Ainda, as mulheres foram questionadas quanto a conhecimentos sobre IST´s, mas nenhuma variável foi estatisticamente significativa. Esse estudo teve a prevalência do HPV semelhante à prevalência descrita em outras pesquisas realizados com o mesmo objetivo. Os genótipos do HPV de alto risco foram os mais prevalentes, sendo o HPV-16 o principal tipo viral encontrado.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: Papilomavírus humanoGestantesHPVPlacenta