Tese - Rossana Patricia Basso

Histoplasmose disseminada em centro de referência para AIDS no extremo sul do Brasil

Autor: Rossana Patricia Basso (Currículo Lattes)

Resumo

A histoplasmose, causada pelo fungo dimórfico Histoplasma capsulatum, pode assumir caráter disseminado no paciente imunodeprimido. Mais de 90% dos pacientes com histoplasmose disseminada têm infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. A mortalidade é elevada nesta população, devido a inespecificidade clínica associada a métodos laboratoriais pouco sensíveis, o que culmina com atraso diagnóstico e progressão da doença. Desta forma, esta tese teve como objetivo determinar a frequência da histoplasmose disseminada em pacientes com infecção pelo HIV atendidos em um hospital que é referência para o tratamento do HIV/aids, em Rio Grande, Rio Grande do Sul, extremo sul do Brasil no período entre 2010 e 2019. Dados clínicos, laboratoriais, terapêuticos, desfecho e coinfecções foram avaliados. Um total de 31 pacientes foram incluídos no estudo, correspondendo a uma taxa média de incidência de 12 casos/1.000 pacientes hospitalizados com aids. No entanto, essa taxa oscilou consideravelmente, passando de 8/1.000 pacientes hospitalizados com aids nos primeiros anos do estudo, para 24/1.000 após ações buscando aumento da suspeita clínica e implementação da pesquisa de antigenúria para H. capsulatum, correspondendo a um incremento em 300% no diagnóstico a partir de 2017. A taxa de mortalidade foi de 35% e a coinfecção com tuberculose ocorreu em 29% dos pacientes. Outros dois artigos abordam casos de coinfecções atípicas. Reportado o primeiro caso da coinfecção histoplasmose disseminada e Mycobacterium avium em um paciente vivo no Brasil. Juntamente é apresentada uma revisão da literatura sobre essa coinfecção, incluindo sete artigos científicos descrevendo 15 casos no mundo. O segundo artigo relata um caso de coinfecção histoplasmose disseminada e covid-19 em uma paciente com aids, sendo o primeiro relato desta coinfecção publicado no Brasil e o segundo no mundo, e com um desfecho positivo. Portanto, a histoplasmose deve ser inserida de forma sistemática na investigação das coinfecções no paciente com aids. Reforça-se ainda a importância da disponibilidade de métodos diagnósticos mais sensíveis juntamente ao aumento da suspeição para contribuir com o desfecho positivo de pacientes com esta infecção fúngica sistêmica.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: Histoplasma capsulatumCoinfecçãoImunodepressão