EXTRATOS DE COGUMELOS COMO POTENCIAIS BIOCONTROLADORES AGRÍCOLAS E SUAS IMPLICAÇÕES TOXICOLÓGICAS
Autor: Lisiane Martins Volcão (Currículo Lattes)
Resumo
A urbanização desordenada das cidades, associada à falta de controle ambiental urbano, rural e silvestre eficientes, vem criando grandes dificuldades e desafios na relação homem/ambiente. Entre estes desafios está o controle eficaz e seguro de pragas na agricultura, os quais geram perdas significativas no rendimento de culturas. O controle convencional destes organismos é feito através de aplicações preventivas e corretivas de produtos químicos, porém o seu uso indiscriminado gera danos ao meio ambiente e à saúde humana. Produtos naturais têm sido pesquisados como alternativas no controle biológico de microrganismos, como, por exemplo, extratos de cogumelos. Estes extratos, além de antimicrobianos têm demonstrado serem indutores dos mecanismos naturais de defesa da planta. O estudo investigou o efeito in vitro de alguns extratos de cogumelos, provenientes da região Sul do Rio Grande do Sul, frente à patógenos de plantas, assim como, aspectos tóxicos para a própria planta, toxicidade celular in vitro, toxicidade in vivo para a minhoca californiana Eisenia andrei, e efeitos na estrutura funcional da microbiota do solo. Em um primeiro estudo, foi demonstrada a capacidade antibacteriana de extratos etanólicos dos cogumelos Russula xerampelina e Suillus granulatus em Pseudomonas aeruginosa, sem apresentar fitotoxicidade significativa na germinação de alface e tomate. O segundo estudo apresentado, mostrou inibição do crescimento e modificações no crescimento micelial do fungo fitopatogênico Monilinia fructicola exposto ao extrato hidroalcoólico de Lactarius deliciosus. Somado a isso, o extrato de L. deliciosus não apresentou citotoxicidade em células VERO, e moderada fitotoxicidade em Brassica oleracea (couve). O último estudo desta tese, apresentou o efeito do extrato hidroalcoólico de Laccaria laccata na inibição do crescimento de Fusarium solani, bem como o seu efeito estimulante na estrutura funcional da microbiota do solo. Não houve toxicidade celular in vitro para esse extrato, assim como foi demonstrada a não toxicidade in vivo no modelo terrestre escolhido, E. andrei. Com o exposto ao longo da referida tese, demonstramos as potencialidades de um grupo de organismos pouco explorados para pesquisas em controle biológico de "pragas" agrícolas. Além do seu potencial antibacteriano e antifúngico, nenhum dos extratos apresentou citotoxicidade nas concentrações utilizadas, e aqueles testados em organismos do solo, demonstraram um potencial para bioestimulação.