Efeito do anestésico sevoflurano no aprendizado e na memória de ratos jovens
Autor: Andrea Fogaca Soubhia (Currículo Lattes)
Resumo
O sevoflurano tem sido o agente anestésico inalatório de preferência para realização de anestesias pediátricas. Estudos tem associado o uso dos anestésicos inalatórios com neurodegeneração, perda de memória e dificuldade de aprendizado em ratos jovens e crianças submetidas a anestesias inalatórias. Esse trabalho teve como objetivo avaliar parâmetros relacionados à memória e ao aprendizado em ratos de 14 dias submetidos à anestesia única por 3 horas com sevoflurano a 3%, com e sem estimulação em ambiente enriquecido. Foram utilizados 60 ratos Wistar com 14 dias distribuídos em 5 grupos 12 animais: controle, controle estimulado, oxigênio, sevoflurano, sevoflurano estimulado discriminados a seguir; os grupos sevoflurano e sevoflurano estimulado no 14 dia de vida foram anestesiados por 3 horas com uma mistura de oxigênio a 2% e sevoflurano a 3%, o grupo oxigênio foi submetido a 3 horas com oxigênio a 2% e os grupos controle não sofreram intervenção. Do 21 dia de vida até o 39 dia os ratos dos grupos estimulados foram submetidos há 1 h d-1 3 vezes por semana a um labirinto colorido com vários objetos. No 40 dia de vida os ratos foram submetidos a protocolos comportamentais de campo aberto, labirinto aquático de Morris (LAM) e esquiva passiva consecutivamente. Após os testes comportamentais finais realizou-se a eutanásia dos animais para isolamento dos hemisférios cerebrais, extração do hipocampo e córtex pré-frontal e avaliar nos mesmos o valor quantitativo de BDNF,. Para avaliar lesão neuronal, utilizamos mais 30 ratos, distribuídos em 3 grupos, grupo controle, sevoflurano e oxigênio, que foram anestesiados no 14 dia de vida e 3 horas após eutanasiados e tiveram o hipocampo e o pré-frontal isolados e analisados por histologia. Os resultados foram analisados por ANOVA e pós-teste Kruskal Wallis seguido teste de Dunn para múltiplas comparações, com valores de p<0,05 sendo considerado significativo. Nossos resultados mostraram que o grupo sevoflurano teve pior desempenho nos testes de memória espacial e aversiva, enquanto que no grupo sevoflurano estimulado esse desempenho foi igual ou superior aos outros grupos, mostrou também que o grupo sevoflurano foi único grupo a apresentar apoptose tanto em córtex pré-frontal (CPF) como em hipocampo e que o grupo sevoflurano estimulado apresentou significativo aumento de BDNF em CPF e hipocampo após estimulo ambiental. Concluindo podemos observar que a anestesia com sevoflurano gerou neurodegeneração, causando déficit de aprendizagem e memória nos testes comportamentais e alterações histológicas significativas com apoptose e o uso de ambiente enriquecido se mostrou uma boa ferramenta para o tratamento dessas lesões. Desse modo, esses achados podem ser relevantes para anestesia neonatal e pediátrica.