Tese - Marcio Neres dos Santos

Estresse percebido e prática de atividades físicas em idosas usuárias de um centro de convivência público do sul do Brasil

Autor: Marcio Neres dos Santos (Currículo Lattes)

Resumo

O estresse psicológico está relacionado à patogênese de diversas doenças e agravos de saúde físicos e mentais, particularmente, por provocar mudanças psicológicas, biológicas e comportamentais que podem colocar o indivíduo em maior risco. Entre idosos, o estresse tem sido frequentemente associado a transtornos mentais importantes capazes de prejudicar sua saúde mental e afetar seu bem-estar geral. A implementação de medidas para redução do estresse nesse grupo etário torna-se relevante para a saúde pública. Nesse sentido, a atividade física (AF) surge como recurso para redução do estresse e promoção do bem-estar psicológico dos idosos. Diante disso, o objetivo desse estudo foi investigar a associação entre prática de AF e estresse percebido em idosas participantes de um centro de convivência público para idosos no município de Bagé/RS, o Centro do Idoso (CI). Foram realizadas duas investigações, sendo um estudo transversal analítico em 2014 e um estudo quase-experimental com grupo de comparação em 2015. Os dados foram coletados por meio de entrevista aplicando-se um questionário especifico ao estudo. As variáveis analisadas foram o estresse percebido (desfecho primário) mensurado pela Perceived Stress Scale - versão de 14 questões, os sintomas depressivos mensurados pela Geriatric Depression Scale - versão de 15 questões, a autoestima mensurada pela Rosenberg Self-Esteem Scale, nível de AF mensurado pelo International Physical Activity Questionnaire - versão longa dos domínios do lazer e do transporte. Utilizaram-se as versões desses instrumentos já traduzidas, adaptadas e validadas para idosos brasileiros. Foram ainda investigados aspectos relativos a participação das idosas no CI e sobre características sociodemográficas, comportamentais e de saúde/morbidade. Na análise dos dados empregaram-se procedimentos de estatística descritiva e inferencial, incluindo análises ajustadas por meio de modelos de regressão linear e de Poisson. O estudo foi aprovado (parecer 055/2014) pelo Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande. Os resultados do estudo transversal mostraram que entre os participantes, 86,5% (IC95% = 80,5; 92,6) tinham autoestima elevada, 11,1% (IC95% = 5,5; 16,7) apresentaram sintomas depressivos e 70,6% (IC95% = 62,6; 78,7) estresse 8 moderado/elevado. A mediana da atividade física no lazer foi de 180 (IQ = 0; 300) min/sem e no deslocamento foi de 80 (IQ = 30; 210) min/sem. A atividade física no lazer se associou inversamente ao estresse percebido mesmo após ajustes para fatores de confusão e mediação. Os resultados apontaram para a importância da AF regular como recurso para a redução e gerenciamento dos níveis de estresse. No estudo quase-experimental o nível de estresse da amostra geral diminuiu, mas entre as participantes do grupo de atividades de movimento a redução foi significativa de 19,0 (±10,0) para 14,8 (±8,3) pontos. Comparado ao grupo de atividades criativas, a mudança no nível de estresse foi significativa no grupo de atividades de movimento, sendo 34,1% (IC95% = 0,1; 68,0) menor na análise bruta, 43,8% (IC95% = 1,8; 85,8) menor no ajuste para a mudança na AF de lazer e 40,5% (IC95% = 2,7; 78,3) menor no ajuste simultâneo para o nível de estresse na avaliação inicial e para a mudança na AF de lazer. A participação regular em atividades de movimento foi mais benéfica comparada às atividades criativas para a redução dos níveis de estresse entre as idosas de um centro de convivência no sul do Brasil.

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Palavras-chave: EpidemiologiaAtividade físicaIdososEstresse psicológico