O FUNCIONAMENTO DA DINÂMICA FAMILIAR NA CODEPENDÊNCIA: ESTUDO DE CASO EM UMA COMUNIDADE TERAPÊUTICA NO EXTREMO SUL DO BRASIL

Autor: Michele Peixoto da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

A dependência química é uma doença crônica que compromete não apenas a saúde do usuário, mas também das pessoas diretamente ligadas a ele, as quais podem adoecer. Considerada como uma doença que altera a estrutura e a dinâmica daqueles que pertencem ao seu núcleo familiar, em muitas situações, os prejuízos dessa relação entre o dependente e o familiar, ocasiona vulnerabilidade e possíveis prejuízos emocionais e físicos. Sendo assim, a importância deste estudo para a saúde pública torna-se ainda maior ao considerarmos o adoecimento de quem convive diariamente com o dependente químico. Nesse sentido, o estudo teve como objetivo conhecer a manifestação da codependência dos familiares de usuários de substâncias psicoativas em um Grupo de Orientação Familiar de uma Comunidade Terapêutica localizada em um município do extremo sul do Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, realizada em uma comunidade terapêutica, no município do Rio Grande/RS, cujos dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada e de diário de campo. Participaram do estudo oito familiares de dependentes químicos, usuários de múltiplas drogas, com idades entre 24 e 67 anos. Foram usados os seguintes critérios de inclusão: familiares de dependentes de álcool e outras drogas, que frequentavam com assiduidade o Grupo de Orientação Familiar da Comunidade Terapêutica e que apresentavam características de codependentes, tais como: negação, vergonha, culpa, medo, raiva, vergonha e baixa autoestima. Neste estudo, identificou-se o intenso sofrimento gerado a partir do reconhecimento da dependência como um problema na vida dos familiares. Como situações desfavoráveis, destacam-se a experiência prévia com a dependência química, a disfuncionalidade da dinâmica familiar ao longo do desenvolvimento e através das gerações e, por último, como características da codependência foram identificadas a partir dos relatos dos familiares: o medo, a insegurança e o excesso de cuidado/controle. Conclui-se que, embora seja visível o sofrimento gerado pela dependência química e as manifestações que levam ao adoecimento dos familiares, observou-se que o familiar está exposto a codependência e ao adoecimento físico e mental. Assim, o estudo reforça a necessidade de intervenção junto às famílias, principalmente as codependentes, a fim de que possam reorganizar a dinâmica familiar de forma a produzirem saúde e qualidade de vida para seus membros.

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