Uso de serviços de saúde por indivíduos após a COVID-19 no extremo sul do Brasil
Autor: Yohana Pereira Vieira (Currículo Lattes)
Resumo
Com surgimento da COVID-19, e a importância e magnitude dos seus sintomas na fase aguda e na COVID longa, e com a nova demanda da COVID longa, surge a necessidade de avaliação da demanda de cuidados ocasionados pela COVID-19, e reestruturação dos serviços de saúde para acolhimento e oferta de cuidado qualificado, a partir disso esse estudo tem como objetivo avaliar a associação entre uso de serviços de saúde e sintomatologia de COVID-19 e COVID longa em indivíduos 6-10 meses após a COVID-19 residentes no Sul do Brasil. Trata-se de um estudo de base populacional, transversal, com indivíduos com 18 anos ou mais infectados pelo SARS-CoV-2 no período de dezembro de 2020 a março de 2021, residentes na área urbana de Rio Grande. Para o artigo 1 e 2, serão utilizados os desfechos de uso de serviços de saúde UBS, médico generalista privado, serviços de emergência (PS, UPA e UPA particular), médicos especialistas (pneumologista, cardiologista, psiquiatra e neurologista) e serviços especializados (pneumologista, cardiologista, psiquiatra , neurologista, psicólogo, fisioterapeuta e fonoaudiólogo). As exposições do artigo 1 foram sintomas 19 e sintomas da COVID longa e do artigo 2 foram fadiga crônica e fadiga em quartis através da Escala de Fadiga. As variáveis de ajuste foram sexo, idade, situação conjugal, escolaridade, morbidades e hospitalização. Os dados foram analisados no pacote estatístico Stata 16.1. Para análise multivariada dos fatores associados ao "uso de serviços de saúde" foram realizadas análises bruta e ajustada através de regressão logística, apresentando Razão de prevalência (RP). Foram calculados o intervalo de confiança de 95% e valor p para ambas as análises. Para avaliar o impacto da exposição "COVID longa em cada um dos desfechos, foi calculada a Fração Etiológica. Indivíduos com COVID longa relataram uso mais frequente de serviços de atenção primária a saúde, serviços de emergência, médicos especialistas e serviços especializados do que aqueles sem COVID longa. Os sintomas musculoesqueléticos, neurológicos e respiratórios da COVID longa foram associados ao uso frequente de serviços de APS, enquanto os sintomas neurológicos, digestivos e respiratórios foram associados ao uso frequente de serviços de emergência. Finalmente, o uso de serviços de médicos especialistas e serviços especializados foi mais frequente em participantes com sintomas neurológicos do que naqueles sem esses sintomas. A fadiga crônica teve relação com serviços de emergência, neurologista e psiquiatra. Enquanto o 4 quartil de sintomas da fadiga estava relacionado com serviços de emergência, médicos especialistas, neurologista e psiquiatra. Ao calcular a fração etiológica, se a COVID longa fosse eliminada, seria possível reduzir a demanda por serviços de APS em 14,0%, serviços de emergência em 18,6%, serviços especializados em 11,7% e médicos especialistas em 11,8%. A avaliação da utilização de serviços de saúde se faz relevante para fins de identificação de grupos mais vulneráveis e orientação/reorganização dos serviços de saúde para esta nova demanda.