Excesso de mortalidade durante a pandemia de COVID-19: disparidades regionais e fatores socioeconômicos
Autor: José Drummond de Macedo Neto (Currículo Lattes)
Resumo
A Pandemia de Covid-19 foi um dos maiores desafios deste século. As consequências deste período não agravaram somente os índices de mortalidade em escala global, como desafiaram os sistemas de vigilância em saúde dos países. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) já foram notificadas no mundo mais de sete milhões de mortes por Covid-19 até maio do ano de 2024. O Brasil é o segundo país mais afetado em números absolutos, com mais de 702 mil mortes, atrás dos Estados Unidos da América (USA), com 1,2 milhão de mortes. Contudo, é possível que essas estatísticas não reflitam a realidade nos índices de mortalidade durante este período. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi estimar o excesso de mortalidade durante a pandemia de Covid-19 e sua associação com indicadores socioeconômicos. Foram produzidos dois artigos: o primeiro artigo incluiu os 5570 municípios brasileiros e compreendeu os anos de 2020 e 2022 e o segundo artigo incluiu os 35 países da região das Américas (estados membros segundo o estatuto do Conselho Permanente das Organizações dos Estados Americanos - OEA) e compreendeu os anos de 2020 e 2021. Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais baseado em dados secundários. Os dados utilizados neste estudo foram extraídos do Departamento de Informática do SUS (DATASUS); painel de monitoramento Covid-19 do Ministério da Saúde; Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE); painel Covid da OMS e plataforma de dados do Banco Mundial. O excesso de mortalidade foi definido como a diferença entre as mortes observadas e as esperadas. O percentual de excesso de mortalidade em relação às mortes esperadas foi denominado de Pscore. As variáveis socioeconômicas incluídas foram: PIB per capita; IDH e Gasto per capita em saúde. As análises foram realizadas através do programa estatístico STATA 14.0. Foram utilizados os seguintes testes: regressão de Prais-Winsten para estimar as mortes esperadas; coeficiente de correlação de Spearman; test t e anova. Os resultados dos dois artigos mostraram que houve excesso de mortalidade no Brasil e na região das Américas, indicando diferenças regionais na distribuição desse excesso, além da associação com indicadores socioeconômicos.