Fatores de risco e doenças crônicas não transmissíveis associadas a coinfecção Tuberculose/HIV
Autor: Dienefer Venske Bierhals (Currículo Lattes)
Resumo
O desenvolvimento da tuberculose (TB) ativa é influenciado por diferentes fatores que afetam a resposta imunológica do hospedeiro. Nesse sentido, a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um desafio significativo para o controle da TB, com elevadas taxas de mortalidade no âmbito mundial, nacional e regional. Além disso, mesmo que o tratamento seja gratuito no Brasil, a interrupção é muito frequente resultando em desfechos desfavoráveis. Neste contexto, é de extrema importância avaliar o desfecho do tratamento da TB e os fatores de risco associados em pacientes coinfectados com TB/HIV em um município com altas taxas de detecção de ambas as condições clínicas. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar os fatores de risco e as doenças crônicas não transmissíveis em pacientes com TB/HIV assistidos em um Hospital Referência para HIV/aids no extremo sul do Brasil, e analisar a relação destes com o desfecho do tratamento da TB. Para isso foi realizado um estudo transversal de caráter retrospectivo, que utilizou dados secundários de pessoas vivendo com HIV e diagnosticados com TB, no Laboratório de Micobactérias do Núcleo de Pesquisa em Microbiologia Médica, vinculado ao Hospital Dr. Miguel Riet Corrêa Jr, situado em Rio Grande, Rio Grande do Sul, no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2020. Foram coletados dados clínicos, epidemiológicos, fatores de risco para o desenvolvimento da TB, além de dados relacionados ao desfecho do tratamento da TB. Os resultados obtidos são apresentados em dois manuscritos. O primeiro intitulado "Tuberculosis in people living with HIV and chronic non-communicable diseases" descreve o desfecho do tratamento da TB entre pessoas vivendo com HIV e avalia a associação com DM e hipertensão arterial sistêmica (HAS). Entre os pacientes avaliados a hipertensão foi registrada em 10,2% e a DM em 5,3%. O desfecho favorável (cura) do tratamento da TB nas pessoas vivendo com HIV associadas a HAS e DM foram 69,0% e 46,7%, respectivamente. O segundo manuscrito intitulado "Factors associated with the unfavorable outcome of tuberculosis treatment in patients living with HIV" avalia os fatores de risco para desfecho desfavorável do tratamento da TB (interrupção do tratamento e óbito) entre pessoas vivendo com HIV. Do total de pacientes avaliados, 56,5% tiveram desfavoráveis no tratamento da TB. Os principais fatores de risco foram o uso de álcool e de drogas ilícitas, tendo a notificação do tipo de entrada da TB como recidiva e reingresso após abandono. Os resultados demonstraram a necessidade de conhecer o perfil dos pacientes com TB que vivem com HIV para a implementação de estratégias que favoreçam a adesão ao tratamento. Observa-se a necessidade urgente de integração dos serviços de saúde que atendem pacientes com TB e HIV, incluindo o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), a fim de instituir o acompanhamento diário da ingestão dos medicamentos, resultando na melhor adesão ao tratamento e evitando, consequentemente, os desfechos terapêuticos insatisfatórios.