Produtos naturais costeiros: avaliação antimicobacteriana de lipídios presentes em Schinus terebinthifolius oriunda do extremo sul do Brasil
Autor: Rodolfo Moreira Baptista (Currículo Lattes)
Resumo
A tuberculose é uma das doenças infecciosas de maior relevância no mundo. Causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis, seu tratamento farmacológico apresenta muitas barreiras, como falhas na adesão a terapia, efeitos adversos incômodos e consequentemente em bactérias resistentes a antimicrobianos. Uma das alternativas mais consolidadas na pesquisa de novos fármacos está na bioprospecção de produtos naturais. No entanto, pouco se sabe sobre produtos naturais de espécies residentes de ecossistemas costeiros. Assim, nesta pesquisa pretendeu-se discutir e identificar o potencial antimicrobiano de produtos naturais costeiros frente a M. tuberculosis. Para isso, foi realizada uma revisão sobre produtos naturais costeiros antimicobacterianos, uma análise bibliométrica de produtos naturais marinhos antituberculose e avaliação antimicobacteriana de uma planta halófita nativa do Brasil. Apesar de apresentar resultados promissores até mesmo em comparação com alguns produtos naturais de outros ecossistemas, foi observado que os produtos naturais presentes em manguezais foram os mais explorados nesse cenário, principalmente aqueles oriundos de microrganismos endofíticos. Esses compostos não foram somente testados contra M. tuberculosis mas frente a proteína Tirosina fosfatase B (MPTPB), responsável por garantir a sobrevivência da bactéria no hospedeiro. Além disso, na análise bibliométrica de estudos com produtos naturais marinhos antituberculose foi discutido sobre as tendências da produção de estudos da área e possíveis influências relacionadas a localização geográfica das instituições e a epidemiologia da doença. Por fim, o estudo experimental com produtos naturais costeiros advindos da halófita Schinus terebinthifolius presente em estuário brasileiro concluiu que compostos lipídios inibiram o crescimento da bactéria in vitro a 400 ug/mL e promoveram interação em sítio de ligação da MPTPB por ensaio computacional. Desta forma o estudo contribui para a descoberta e valorização dos produtos naturais costeiros frente a uma doença infecciosa de preocupação mundial.