Fatores associados ao uso problemático de smartphone em escolares no extremo sul do Brasil
Autor: Bruno Pedrini de Almeida (Currículo Lattes)
Resumo
Este estudo verificou a ocorrência e os fatores associados ao uso problemático de smartphone (UPS) em 411 escolares de 1º, 2º e 3º ano do ensino médio de um instituto federal no município do Rio Grande, localizado no extremo sul do Brasil. O uso de smartphone foi avaliado por meio da Smartphone Addiction Scale - Short Version. Os alunos de ambos os sexos que apresentaram pontuação 33 nessa escala foram classificados com UPS. Informações sobre sexo, cor da pele, nível socioeconômico, nível de atividade física, participação em aulas de educação física, tempo de tela e histórico de consumo excessivo de bebida alcoólica foram organizadas como variáveis independentes. A qualidade do sono dos estudantes foi operacionalizada em uma análise de interação pelas exposições sexo, cor da pele e nível de atividade física. Para verificar os fatores associados ao UPS, foi utilizada a Regressão de Poisson, apresentando razões de prevalência (RP) com intervalo de confiança de 95% (IC95%). A prevalência de UPS na amostra foi de 34,3% (40,7% feminino). A análise ajustada apresentou associações significativas de fatores de risco (sexo feminino: RP: 1,41; IC95%: 1,06-1,85; tempo de tela acima de 4 horas/dia: RP: 2,41; IC95%: 1,37-4,21; e histórico de consumo excessivo de bebida alcoólica: RP: 1,33; IC95%: 1,01-1,77) e fatores de proteção (maior nível socioeconômico: RP: 0,88; IC95%: 0,78-0,99; e maior participação em aulas de educação física: RP: 0,73; IC95%: 0,54-0,99) para o UPS. Os escolares com UPS apresentaram pior qualidade de sono (RP: 1,17; IC95%: 1,02-1,34). A análise de interação verificou que os escolares do sexo masculino com UPS apresentaram pior qualidade do sono (RP: 1,29; IC95%: 1,07-1,59), como também, os usuários de cor da pele preta, amarela ou parda (RP: 1,27; IC95%: 1,05-1,52), sendo este desfecho mais prevalente em adolescentes com UPS (RP: 1,35; IC95%: 1,07-1,70). Aqueles classificados como inativos fisicamente apresentaram pior qualidade do sono (RP: 1,30; IC95%: 1,01-1,67), e esse efeito é ainda maior quando o escolar apresenta inatividade física somada ao UPS (RP: 1,50; IC95%: 1,13-1,98). A identificação dos fatores associados ao UPS pode promover subsídios para uma maior conscientização a respeito das repercussões desse comportamento ainda não totalmente elucidado. O UPS assumiu um papel potencializador para a pior qualidade do sono, evidenciando a necessidade de destacar que esse fenômeno detém características passíveis de modificações, sobretudo aquelas relacionadas aos hábitos de vida.