Prevalência de sintomas respiratórios de covid longa e fatores associados em adultos e idosos no Município de Rio Grande, RS
Autor: Brena Costa de Oliveira (Currículo Lattes)
Resumo
A covid longa consiste na persistência de sintomas remanescentes após a infecção aguda do coronavírus, tendo destaque os sintomas respiratórios. A literatura os associa a presença de uma carga elevada de sintomas na fase aguda, formas mais graves, idade superior a 50 e presença de outras morbidades. Esse estudo objetiva verificar a prevalência de sintomas respiratórios remanescentes após 6-10 meses da infecção pela covid-19 e fatores associados no município de Rio Grande/RS. Trata-se de dados do baseline de uma coorte prospectiva que monitora a saúde de adultos e idosos após serem infectados pela covid-19 no período de dezembro de 2020 a março de 2021. Foram incluídos indivíduos maiores de 18 anos, residentes no meio urbano, que tiveram diagnóstico por meio do teste de RT-PCR, cuja infecção tenha sido sintomática e o tratamento realizado no município. Aplicou-se um questionário estruturado com variáveis dependentes: persistência de sintomas respiratórios (dispneia, tosse seca e com catarro, desconforto para respirar, congestão nasal, coriza e dor de garganta) e variáveis independentes: sexo, idade, cor da pele, situação conjugal, escolaridade, renda e classe econômica, IMC, ganho de peso após a infecção, tabagismo, prática de atividade física, presença de morbidades cardiorrespiratórias, ocorrência desses sintomas na fase aguda e hospitalização. Utilizou-se o modelo hierárquico multinível e os dados foram analisados pelo Stata 17.1. Foi feita a análise descritiva e calculadas as prevalências e os intervalos de confiança de 95% do desfecho e para a análise bruta e ajustada foi utilizada regressão de Poisson com ajuste robusto da variância e nível de significância de 5%. Foram investigados 2.919 indivíduos e a prevalência de pelo menos um sintoma respiratório foi de 16,6% (IC95%15,3;18,0), dentre eles os mais frequentes foram a dispneia (7,2%; IC95%6,3;8,2), tosse seca (4,7%; IC95%3,9;5,5) e dor/desconforto para respirar (4,5%; IC95%3,8;5,3). Mulheres (RP=1,87; IC95%1,55;2,26), aqueles com aumento ou redução de peso (RP=1,59; IC95%1,29;1,94; RP=1,75; IC95%1,43;2,15), que já possuíam doenças cardiorrespiratórias prévias ((RP=1,33; IC95%1,04;1,71; RP=1,72; IC95%1,44;2,06) e que manifestaram sintomas na fase aguda tiveram maior probabilidade de apresentar sintomas respiratórios remanescestes e a maior escolaridade (2º e 3º grau) apresentaram proteção para ele (RP=0,78; IC95%0,64;0,94; RP=0,78; IC95%0,63;0,96). É necessário a realização de novos trabalhos, contemplando mais variáveis e quantificando a intensidade dos sintomas.