EFEITOS DO ULTRASSOM TERAPÊUTICO NA FUNÇÃO ENDOTELIAL ARTERIAL
Autor: Jeferson Mendes Cruz (Currículo Lattes)
Resumo
O endotélio compreende a camada de células que reveste todo sistema cardiovascular e é responsável pela homeostase vascular. Essa camada de células produz substâncias vasodilatadoras, as quais se destaca o óxido nítrico (NO), as prostaciclinas (PGI2) e o fator hiperpolarizante derivado do endotélio. Por outro lado, existem as substâncias vasoconstritoras, como, a endotelina, a angiotensina II, e o tromboxano A2. O equilíbrio entre as substâncias vasodilatadoras e vasoconstritoras derivadas do endotélio caracterizam a função endotelial. Na disfunção endotelial ocorre a diminuição da biodisponibilidade de moléculas vasodilatadoras e está presente nas alterações como a aterosclerose e a inflamação. O ultrassom terapêutico (UST) é amplamente utilizado no reparo das lesões do sistema músculo esquelético, seus mecanismos em tecidos biológicos produzem efeitos fisiológicos e terapêuticos. Utilizado nas formas de onda pulsada e contínua, sua aplicação pode variar em frequência (1 e 3MHz) e intensidade (0,1 a 2,0W/cm 2). O presente estudo teve como objetivo avaliar a função endotelial pela técnica de vasodilatação mediada pelo fluxo (FMD), após aplicação das formas de onda contínua (USC) e pulsada (USP) do ultrassom terapêutico de baixa intensidade em voluntários saudáveis. A presente pesquisa é um ensaio clínico randomizado. A amostra compreendeu 42 voluntários randomizados em três grupos: 1o aplicação do UST (n=15) nas modalidades placebo (USPla) (equipamento desligado), pulsado (USP) e contínuo (USC); 2o (n=15) foram repetidas as mesmas intervenções com inibição da ciclooxigenase (COX); 3o (n=12) determinação do tempo de duração dos efeitos do UST. Os voluntários foram pareados por gênero, eram eutróficos com 27 (± 3,8) anos de idade. A inibição da ciclooxigenase foi realizada através de 600mg ácido acetilsalicílico (AAS), por via oral, trinta minutos antes dos exames. O UST foi aplicado no local da avaliação da função endotelial pela vasodilatação mediada pelo fluxo FMD, as intervenções foram com frequência de 1MHz, nas formas de onda contínua (0,4W/cm 2SATA) e pulsada (20%, 0,08W/cm 2SATA) durante cinco minutos. Os resultados são expressos em função da variação da percentagem de vasodilatação, sendo apresentados os intervalos de confiança no nível de 95% observou-se que o USC foi responsável por um aumento de 4,8% (P<0,001; 95% IC= 3,3 - 6,3%) e o USP 3,4% (P<0,001; 95% IC=1,9 - 4,9%) no %FMD em relação ao placebo. Após a inibição da COX, o USC aumentou o %FMD em 2,1% (P<0,001; 95% IC= 0,8 - 3,4%) e o USP em 2,6% (P<0,001; 95% IC= 1,3 - 3,9%). O tempo de vasodilatação persistiu por aproximadamente 20 minutos (P<0,05 para USC; 0,086 mm, 95% IC=0,01 - 0,185; P<0,05 for USP, 0,72 mm, 95% IC=0,027 - 0,172). As respostas endoteliais nas formas de ondas pulsada e contínua foram semelhantes (P=0,999). As conclusões do presente estudo sugerem que o ultrassom terapêutico de baixa intensidade na frequência de 1MHz melhora a função endotelial em voluntários saudáveis, seus efeitos apresentaram duração aproximada de 20 minutos, possivelmente devido ao aumento na biodisponibilidade do NO.
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