AVALIAÇÃO PRÉ-CLÍNICA DE COMPOSTOS SINTÉTICOS HETEROCÍCLICOS DERIVADOS DO GRUPAMENTO BENZOTIADIAZOL PARA O TRATAMENTO DA TOXOCARÍASE VISCERAL
Autor: Andrezza Medeiros Faria (Currículo Lattes)
Resumo
A toxocaríase humana é uma antropozoonose negligenciada, que tem como principal agente etiológico o nematódeo Toxocara canis, parasito intestinal de cães. Os anti-helmínticos indicados para o tratamento dessa parasitose tecidual apresentam baixa a moderada resolução clínica, devido à baixa absorção desses fármacos em nível tecidual, sendo importante o desenvolvimento de novos fármacos para tratamento dessa parasitose tecidual. Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia de compostos químicos derivados do grupamento benzotiadiazol em testes in vitro, in silico e in vivo, a fim de selecionar compostos com potencial para desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento da toxocaríase visceral. No teste in vitro de triagem foi avaliada atividade larvicida de 14 compostos químicos (1,0 mg/mL), em placas de microcultivo (em duplicata), com larvas de T. canis em meio RPMI-1640, incubadas a 37°C e tensão de CO2 de 5%, por 48 horas, sendo empregado o indicador de viabilidade celular azul de Tripan 0,5%. Desses, quatro compostos (C3, C6, C9 e C10) apresentaram atividade sobre 100% das larvas de T. canis, sendo selecionados C3 e C6 na concentração larvicida/larvostática mínima (CLM) de 0,25mg/mL e C9 na CLM de 0,8mg/mL. Na avaliação de citotoxicidade, os compostos C3 e C9 não apresentaram, nas respectivas CLMs citotoxicidade em células de macrófagos murinos da linhagem J774A1. Após esses testes, foi confirmada a inviabilidade de larvas de T. canis expostas aos compostos C3 e C9 no teste in vitro através da inoculação em camundongos (n=2). Os compostos C3 e C9 apresentaram parâmetros de biodisponibilidade adequados na análise in silico. No teste in vivo para a avaliação da atividade dos compostos sobre a intensidade da infecção por T. canis, foram formados quatro grupos de cinco camundongos Swiss inoculados com 500 ovos de T. canis, pela via intragástrica (IG), como segue: Tox+C3: administração de C3 (10 mg/Kg/1xd/5d); Tox+C9: administração de C9 (10 mg/Kg/1xd/5d); Tox+ABZ: administração de albendazol (ABZ) (40 mg/kg/1xd/5d); Tox: administração de solução salina tamponada com fosfato (PBS)/1xd/5d). O tratamento com o composto C9 promoveu redução significativa (p<0,05) na intensidade de infecção por T. canis, quando comparado ao grupo controle (Tox). Além disso, o resultado do C9 foi equivalente (p>0,05) ao obtido com a administração do anti-helmíntic ABZ. Conclui-se que o composto químico C9 apresenta atividade larvicida para T. canis, eficácia semelhante a observada com o anti-helmíntico albendazole em modelo murino e ausência de citotoxicidade na CLM, sendo um candidato a composto protótipo para o tratamento da toxocaríase visceral.
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