Tese - Nathalia Matties Maas

Efeito de um programa de exercícios domiciliares no medo de cair, equilíbrio e mobilidade de idosos: um ensaio clínico randomizado

Autor: Nathalia Matties Maas (Currículo Lattes)

Resumo

O avanço da idade impõe desafios significativos à morbimortalidade, impactando diretamente os serviços de saúde, que enfrentam uma alta demanda de atendimento. Além das doenças comuns associadas ao envelhecimento, as limitações de mobilidade que resultam em quedas representam um desafio substancial. Dentro dessas limitações a redução da mobilidade, do equilíbrio e o medo de cair são fatores diretamente relacionados tanto à ocorrência quanto às consequências das quedas. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de um programa de exercícios domiciliares, baseado no protocolo de Otago, no medo de cair, equilíbrio e mobilidade em idosos no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS). No primeiro artigo foi apresentada a metodologia do Ensaio Clínico Randomizado de dois braços, com um período de intervenção de 12 semanas, em idosos com 70 anos ou mais, residentes em áreas cobertas por equipes de Estratégia Saúde da Família em um município de médio porte. Em que os participantes eram capazes de ler e entender instruções, além de possuir liberação médica para realizar exercícios físicos. Ainda, os participantes foram randomizados aleatoriamente para dois grupos: Grupo Controle (GC) e Programa de Exercícios de Otago (PEO). Os do grupo PEO foram acompanhados com visitas mensais de um fisioterapeuta, que forneceu orientações sobre exercícios domiciliares, além de ligações telefônicas da equipe de pesquisa. Ao final de 12 semanas, os parâmetros de medo de cair, equilíbrio e mobilidade foram medidos em ambos os grupos. Os resultados, apresentados no segundo artigo, demonstraram uma redução significativa no medo de cair (FES-I-Brasil) no grupo PEO ITT e PEO PP, com diferenças médias de 2,1 e 2,3 pontos, respectivamente (p<0,000). No GC, houve uma piora no Timed Up and Go (TUG), com um aumento de 1 segundo (p=0,028) após a intervenção. Na Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), ambos os grupos PEO ITT e PP apresentaram um aumento médio de pelo menos 1 ponto após avaliação final. A análise estratificada por sexo mostrou que as mulheres obtiveram melhores resultados tanto no medo de cair (FES-I-Brasil) quanto no equilíbrio (EEB), enquanto na mobilidade (TUG), as mulheres do GC apresentaram o pior desempenho. Concluindo, o programa de exercícios domiciliares baseado no protocolo de Otago mostrou-se factível e de baixo custo para a APS, apresentando efeito na redução do medo de cair e melhoria no equilíbrio, especialmente em mulheres idosas. Essa abordagem pode ser implementada pelas equipes da APS, viáveis ao modelo das equipes Multiprofissionais da APS (e-MULTI). Contudo, recomenda-se a realização de estudos adicionais com períodos de intervenção mais longos para avaliar a mobilidade e aumentar a adesão masculina ao programa.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: Ensaio Clínico Controlado AleatórioIdososExercício físicoAtenção primária à saúde