Tese - Paula Teixeira Chaves

INFLUÊNCIA DA INFECÇÃO PELO NEMATÓDEO Toxocara canis SOBRE A RESPOSTA DA VACINA CONTRA SARAMPO, CAXUMBA E RUBÉOLA EM CAMUNDONGOS SWISS

Autor: Paula Teixeira Chaves (Currículo Lattes)

Resumo

O calendário básico vacinal humano contempla a imunização contra o sarampo, caxumba e rubéola a partir dos 12 meses, doenças relevantes pelo seu histórico clínico e epidemiológico. Estudos revelam que os helmintos promovem modulação do sistema imune do hospedeiro, podendo interferir na resposta vacinal e causar prejuízo no estabelecimento da imunidade protetora. O nematódeo intestinal de cães Toxocara canis (T. canis) é o principal agente etiológico da toxocaríase humana, uma zoonose subdiagnosticada e negligenciada mundialmente. Em crianças, estudos de soroprevalência revelam níveis elevados de anticorpos para T. canis. Devido ao fato dos helmintos poderem causar prejuízo no estabelecimento de uma imunidade vacinal eficaz, torna-se relevante estudar a influência da infecção crônica por T. canis na resposta imunológica de vacinas do calendário básico da criança. O presente estudo avaliou se a infecção por T. canis interfere na resposta vacinal de camundongos inoculados com vacina para sarampo, caxumba e rubéola. Foram utilizados 18 camundongos da linhagem Swiss, divididos em três grupos:TxVac (infectados e vacinados), Vac (somente vacinados) e Cont (sem infecção e sem vacina). Para o estabelecimento da infecção crônica, o grupo TxVac foi previamente inoculado com ovos de T. canis. A vacina tríplice viral (Priorix®) foi administrada em duas doses nos camundongos dos grupos TxVac e Vac, sendo a primeira dose 60 dias após a inoculação dos ovos, e a segunda dose 30 dias após a primeira, ambas por via subcutânea, em volume de 50microlitros. Foram realizadas coletas de sangue nos dias 15, 30, 45 e 60 pós-vacinação (p.v) (1ª dose) para a avaliação do efeito da infecção por T. canis sobre a produção de anticorpos IgG oriundos da vacinação através do teste de ELISA. Ao final do experimento, no dia 60 p.v (1ª dose), foram coletados os esplenócitos de todos os grupos para avaliar a resposta imune celular, através da avaliação da transcrição gênica das citocinas IFN gama, IL12, IL4, IL10 e TGF beta. A infecção por T. canis foi confirmada com a recuperação de larvas no encéfalo, fígado e pulmões dos camundongos infectados por digestão tecidual.A partir dos resultados obtidos, foi possível observar que a infecção por T. canis não alterou os níveis de anticorpos gerados pela vacinação. Entretanto, em relação às citocinas, a infecção por T. canis promoveu uma redução significativa de 12 vezes nos níveis de IL12 e de 3,4 vezes os níveis de IL10. Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de IFN gama e TGF beta entre os grupos TxVac e Vac, embora os níveis de TGF beta tenham sido 5,7 vezes mais elevados nos camundongos não infectados. A vacinação não teve efeito sobre os níveis de IL4, mas a infecção por T. canis resultou em uma redução de 30 vezes nos níveis dessa citocina. Conclui-se que, embora os níveis de anticorpos gerados pela vacina não tenham sofrido alteração nos camundongos com infecção crônica por T. canis, este nematódeo promoveu supressão de citocinas pró e anti inflamatórias nos animais vacinados.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: ToxocaríaseVacinasCamundongosImunomodulaçãoResposta imune