Dissertação - Ana Cristina Batista Lino

Impacto das infecções causadas por Klebsiella pneumoniae na taxa de resistência antimicrobiana e no uso de antibióticos em um hospital de atendimento terciário no extremo sul do Brasil

Autor: Ana Cristina Batista Lino (Currículo Lattes)

Resumo

A Klebsiella pneumoniae é uma enterobactéria responsável por infecções comunitárias e relacionadas à assistência à saúde (IRAS). A K. pneumoniae resistente à terceira geração de cefalosporinas e/ou carbapenêmicos, é considerada uma ameaça crítica à saúde global pela Organização Mundial da Saúde devido à limitação de tratamentos eficazes. O presente estudo tem como objetivo analisar o impacto das infecções por K. pneumoniae na taxa de resistência antimicrobiana e na conduta terapêutica em um hospital de atendimento terciário. Trata-se de um estudo retrospectivo transversal onde foram incluídos 245 episódios de infecção por K. pneumoniae em 219 pacientes internados no período de 2019 a 2021 no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr da Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Foram determinadas as taxas de resistência aos antimicrobianos, e avaliadas se variáveis demográficas e clínicas foram associadas a uma prescrição de antibiótico adequada em relação ao perfil de sensibilidade ao antimicrobiano. A associação das variáveis foi realizada com a conduta terapêutica antes e após a liberação do resultado microbiológico pelo teste de qui-quadrado através do programa SSP, sendo considerado significativo um p < 0.05. Os resultados mostraram que a taxa resistência aos antibióticos das classes das cefalosporinas, quinolonas e carbapenêmicos, bem como a taxa de produtora de betalactamase de espectro estendido, apresentaram um aumento gradual ao longo dos três anos de estudo. No ano de 2021 foram apresentadas as maiores taxas de resistência a 15 dos 16 antibióticos avaliados sendo as maiores de 100% para ampicilina e 86,36% para cefazolina. Na análise da conduta terapêutica mostrou que não houve diferença significativa nas variáveis em relação a conduta ser ou não ajustada após a liberação do laudo laboratorial. Na escolha empírica foi demonstrado que nos casos de pacientes novos ( 20 anos de idade), internados na UTI neo e pediátrica e amostras de origem sanguínea a escolha do antibiótico foram significativamente mais adequadas. Os achados deste estudo mostraram uma crescente taxa de resistência antimicrobiana pela K. pneumoniae no período da pandemia, sobretudo para as cefalosporinas e carbapenêmicos. Na conduta terapêutica, não foi encontrada diferença significativa entre ajustar ou não o tratamento após a liberação do laudo microbiológico. Estes resultados demonstraram na prática clínica que o manejo inadequado do uso de antibióticos contribui para a progressão das taxas de resistência de K. pneumoniae, e demonstram a necessidade de fortalecer o manejo racional do uso de antibióticos com uma abordagem mais precisa no escalonamento da terapia com base nos resultados microbiológicos.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: EnterobactériaESBLResistência antimicrobianaUso racional de antimicrobianos