Tese - Sara Silva Fernandes

Avaliação do efeito da respiração diafragmática em crianças e adolescentes com asma: ensaio clínico randomizado

Autor: Sara Silva Fernandes (Currículo Lattes)

Resumo

Introdução: a asma é uma doença heterogênea geralmente caracterizada pela inflamação das vias áreas. Sendo essa uma das doenças crônicas mais prevalentes entre crianças. Neste trabalho, buscou-se avaliar o efeito da respiração diafragmática, RD, em desfechos clínicos e funcionais de crianças e adolescentes com asma crônica. Metodologia: Ensaio Clínico Randomizado e Controlado, ECR, com crianças e adolescentes com asma, com idade entre 7 e 18 anos, atendidos no Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande - RS. A intervenção teve duração de 08 semanas, nas quais o grupo experimental foi instruído à prática da RD, enquanto o grupo controle foi instruído à prática de um exercício respiratório controle (sham). Foram analisados o nível de controle da asma, a função respiratória, o estresse e a ansiedade, através do teste de controle da asma (TCA), pico de fluxo expiratório (PFE, % do previsto), análise de distensão respiratória abdominal e torácica, quantificação dos níveis de cortisol salivar e escores de ansiedade relatada pela criança (SCAS-C) e pelos pais (SCAS-P), respectivamente. A avaliação ocorreu em três momentos: no início do estudo (T1), após 4 semanas de intervenção (T2) e após 8 semanas (T3). Os dados contínuos foram apresentados como médias ± desvio padrão (DP) ou mediana e intervalo interquartil (IIQ). Para comparação entre os grupos, foi utilizado o teste t de Student e para os dados assimétricos o teste Mann Whitney. Os dados dicotômicos foram apresentados como frequências e percentagens, sendo analisados pelo teste do qui-quadrado ou teste exato de Fisher, conforme apropriado. Em todas as análises, foi utilizado um valor de p menor que 0,05 de um teste bicaudal. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde (CEPAS) da FURG (parecer nº 3.482.646) com cadastro no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) sob o número RBR-3x8py3n. Resultados: 34 pacientes foram incluídos e randomizados, sendo 17 em cada grupo. A média de idade dos participantes foi de 11,3±3,2 anos, com 73,5% do sexo masculino. Não houve diferenças significativas entre os dois grupos quanto aos dados demográficos, socioeconômicos e de características basais clínicas. Comparado com o grupo controle, o grupo RD teve melhor controle de asma (média ± DP da TCA na T3: 23,06 ± 1,62 vs. 20,37 ± 4,31, p = 0,03), menor média de escores de SCAS-P na T2 (54,46 ± 7,62 vs. 62,0 ± 7,22, p = 0,01) e T3 (51,13 ± 8,53 vs. 61,25 ± 6,57, p = 0,04) e menor nível de ansiedade autorrelatada pelos pacientes em T2 (1 (1 - 2) vs 3 (3 - 4), p=0,01) e T3 (1 (0 - 1) vs 2 (1 - 3), p=0,03). Não houve diferença significativa entre os dois grupos quanto aos valores de SCAS-C e de PFE na T2 e T3. O uso do aplicativo para a prática do exercício foi autorrelatado por 97% (33) dos participantes. A maioria dos pacientes (87%) avaliaram o exercício como bom ou muito bom, não houve diferença na avalição entre os grupos (p= 0,33). Dois pacientes queixaram-se de efeito adverso, um paciente do grupo intervenção relatou um episódio de respiração curta enquanto tentava realizar o exercício e um paciente do grupo controle relatou sentir desconforto ao realizar o exercício. Conclusões: Os resultados sugerem que a respiração diafragmática pode trazer efeitos benéficos no controle dos sintomas de asma e na diminuição de ansiedade em crianças e adolescentes com asma.

TEXTO COMPLETO DA TESE

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