Tese - Caroline Lopes Feijo Fernandes

Cenário político e socioambiental do uso de agrotóxicos no Brasil e avaliação de risco ecológico e à saúde humana em áreas de cultivo orgânico

Autor: Caroline Lopes Feijo Fernandes (Currículo Lattes)

Resumo

O uso excessivo de agrotóxicos é considerado atualmente uma grave preocupação quanto a saúde do ambiente e humana. Devido a isto, parte da população, tem preferido alimentos orgânicos, aumentando assim sua produção e a crença que estas áreas de cultivo são livres de perigo e promotoras de saúde. Entretanto, estas áreas podem estar sendo impactadas com diferentes meios de contaminação, seja por ações antropogênicas ou por processos naturais como a lixiviação. Entre os compartimentos ambientais que podem estar sendo impactados, o solo é um compartimento com ampla importância ecológica e para provimento de alimentos. Sendo assim, a presença de contaminantes no solo pode prover riscos para a saúde do ambiente e humana. Devido a isto, esta tese teve como objetivos (1) Discutir os enfrentamentos da atual política ambiental para liberação de agrotóxicos no Brasil; (2) avaliar as condições socioeconômicas, vestígios ambientais, percepção de risco e o risco ecológico e a saúde humana relacionado a exposição de elementos traço e agrotóxicos presentes no solo de culturas orgânicas localizadas no extremo sul do estado do Rio Grande Do Sul, Brasil. (1) A discussão sobre a atual política ambiental para liberação de agrotóxicos foi realizada através de uma leitura e discussão crítica acerca das alterações realizadas em 2022, na chamada lei dos agrotóxicos (PL 6299/2002), demonstrando comparações entre as políticas entre o Brasil e os demais países quando trata-se de agrotóxicos. (2) A pesquisa foi realizada em 12 fazendas de cultivo orgânico, localizadas nos municípios de Rio Grande, Canguçu, Chuí e Jaguarão. Foram coletados dados socioeconômicos, agronômicos, registros fotográficos e amostras de solo superficial. Nas amostras de solo foram avaliados os elementos-traço (Cr, Cu, Mn, Ni, Fe) e 63 ingredientes ativos e derivados de agrotóxicos, mas apenas os elementos-traço foram possíveis de serem quantificados. No tratamento dos dados, foi aplicada a metodologia de avaliação de risco ecológico e a saúde humana e uma análise de vestígios ambientais sobre o manejo do solo. Dentre os resultados apresentados foi possível identificar que há uma diferença no perfil dos agricultores orgânicos do extremo sul do Brasil em comparação com os estudos existentes; Diferenças entre os tipos de manejos do solo realizado pelos agricultores (monocultura de curto ciclo, policultura de curto ciclo e sistemas agroflorestais). Foi identificado risco ecológico para organismos do solo para os elementos-traço Mn, Cu, Ni, Cr. Ademais, as percepções de risco relatadas pelos agricultores, demonstraram que, em média os agricultores perceberam baixo risco para os parâmetros levantados (Meio ambiente, não uso de EPI, consumo dos vegetais cultivados pela população e saúde ocupacional). Com os resultados alcançados a contribuição está em proporcionar argumentos científicos e discussões acerca da necessidade de um melhor gerenciamento de políticas públicas acerca da agricultura, principalmente em cultivos orgânicos que podem estar sendo diretamente e indiretamente impactados

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: AgroecossistemasSolos de culivo orgânicoLei dos agrotóxicosPercepção de riscoODSsObjetivos de Desenvolvimento Sustentável