Dissertação - Juliana Quadros Santos Rocha

Aconselhamentos para estilo de vida saudável, medidas não farmacológicas e vacinação em indivíduos com covid-19 residentes do município de Rio Grande, RS

Autor: Juliana Quadros Santos Rocha (Currículo Lattes)

Resumo

A Organização Mundial da Saúde declarou situação pandêmica e emergencial no ano de 2020 devido à infecção causada pelo SARS-CoV-2, conhecida como covid-19, que causou mais de 6,6 milhões de mortes. Por seu alto potencial de contágio e gravidade, foram difundidas estratégias efetivas para redução do ritmo de expansão da doença como aconselhamentos para realização de distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscaras (medidas preventivas e de combate à covid-19), além de orientações para um estilo de vida saudável e vacinação. O aconselhamento em saúde é fundamental para promover mudança de hábitos nos indivíduos. Apesar da importância dos aconselhamentos profissionais durante a pandemia, são escassos os estudos que avaliem o recebimento destas orientações para a população acometida por covid-19. Sabendo que o Brasil é um país marcado por desigualdades sociais e que a pandemia as exacerbou, o objetivo deste estudo é identificar a prevalência do recebimento de aconselhamentos realizados pelos profissionais da saúde sobre medidas não farmacológicas (higienização das mãos, uso de máscara e distanciamento social), estilo de vida saudável (prática de atividade física, alimentação e hábitos de sono saudáveis), e vacinação para de adultos e idosos infectados pela covid-19 residentes no município de Rio Grande/RS e desigualdades de acordo com a renda. Trata-se de um estudo de delineamento transversal, com indivíduos de 18 anos ou mais residentes no meio urbano que tiveram diagnóstico de coronavírus por meio do teste de RT-PCR no período de dezembro de 2020 a março de 2021, e que realizaram tratamento na cidade do Rio Grande. Foram avaliadas por meio de aplicação de questionário. As variáveis dependentes deste estudo foram o recebimento de aconselhamentos em saúde sobre: 1) higienização das mãos, uso de máscara, distanciamento social (medidas preventivas e de combate à covid-19); 2) prática de atividade física; 3) alimentação saudável; 4) hábitos de sono saudáveis; e 5) vacinação em indivíduos com covid-19. A variável independente foi renda e as variáveis de ajuste foram caraterísticas demográficas, nutricionais e socioeconômicas. Os dados foram analisados por meio do pacote estatístico Stata 17.1. Os dados descritivos foram apresentados como proporções e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Usamos o Teste de Qui-Quadrado para avaliar a distribuição dos desfechos de acordo com a renda. As análises ajustadas foram realizadas por meio de regressão de Poisson com ajuste robusto de variância. Desigualdades foram avaliadas pelas medidas Slope Index of Inequality (SII) e Concentration Index (CIX). Todas as associações com IC95% sem sobreposição entre as categorias foram consideradas estatisticamente significativas. Foram entrevistados 2.919 indivíduos, dos quais 56,3% (IC95% 54,5; 58,1) relataram ter recebido aconselhamento para medidas preventivas e de combate à covid-19, 29,4% (IC95% 27,7; 31,0) para prática de atividade física, 37,6% (IC95% 35,8; 39,4) para alimentação saudável, 32,5% (IC95% 30,8;34,2) para hábitos de sono saudáveis e 38,7% (IC95% 36,9;40,5) para vacinação contra covid-19. Os dados apresentados neste estudo mostraram uma baixa prevalência de recebimento de aconselhamentos em saúde realizados por profissionais de saúde, sendo que aconselhamentos para medidas de proteção à covid-19 teve uma maior prevalência de recebimento enquanto aconselhamentos para prática de atividade física apresentou uma menor ocorrência (56,3% e 29,4%, respetivamente). Verificamos que a probabilidade dos participantes receberem aconselhamento para alimentação saudável, prática de atividade física, sono saudável e para pelo menos uma das medidas protetivas e de combate à covid-19 era 30% maior entre aqueles com renda mais alta, e essa diferença ocorreu progressivamente. Quanto à magnitude das desigualdades em relação à renda para cada um dos aconselhamentos, todas elas apresentaram maior concentração entre os mais ricos. Concluindo, há iniquidades pró-ricos em todos os aconselhamentos estudados de acordo com a renda, exceto no aconselhamento para medidas protetivas e de combate à covid-19 para indivíduos acometidos pela infecção no extremo sul do Brasil.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: Covid-19AconselhamentoProfissionais da saúde