Dissertação - Karina Pinheiro Teixeira dos Reis

IMPLICAÇÕES DA VACINAÇÃO PARA COVID-19 EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE DE UM SERVIÇO DE ATENÇÃO TERCIÁRIA NO EXTREMO SUL DO BRASIL

Autor: Karina Pinheiro Teixeira dos Reis (Currículo Lattes)

Resumo

A partir de janeiro de 2020 ocorreu uma rápida disseminação comunitária, regional e internacional do vírus SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19, com um crescimento exponencial de casos e mortes. Os profissionais da saúde apresentam alto risco de adquirirem o vírus devido ao seu grau de exposição a pacientes diagnosticados com a COVID-19 e ao contato no ambiente de trabalho com outros profissionais contaminados. O controle da fonte de infecção com o uso de equipamentos de proteção, o diagnóstico precoce, o isolamento e o tratamento de suporte para os pacientes afetados foram a abordagem imediata para o controle dessa doença. Nesse cenário, o desenvolvimento de vacinas para COVID-19 foi apresentado com grande expectativa de minimizar o impacto da doença no cenário global. Este estudo objetivou avaliar as implicações da vacinação para COVID-19 em profissionais da saúde de um serviço de atenção terciária no extremo sul do Brasil. Para isto, foi realizado um estudo retrospectivo de abordagem quantitativa que avaliou os profissionais da saúde do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. (HU-FURG/Ebserh) em Rio Grande, Rio Grande do Sul, que receberam a vacina para COVID-19 no ano de 2021. Os dados (casos de COVID-19, vacinas utilizadas, variáveis demográficas, dentre outros) foram coletados a partir dos registros do Setor de Saúde Ocupacional (SSO) do HU-FURG/Ebserh e de questionário auto-aplicado aos profissionais da saúde do HU-FURG/Ebserh. Os testes estatísticos foram realizados no software JASP (versão 0.14.4) e Stata software 15 e o nível de significância adotado foi p<0,05. Como resultados do estudo, dois manuscritos foram produzidos. O manuscrito 1, incluindo 1088 casos de síndrome gripal acompanhados pelo SSO, evidenciou uma redução de 51,5% (95% IC: 46,5-56,5) para 32,1% (95% CI: 25,3-38,8) de casos de COVID-19 após a vacinação, sendo essa redução independentemente de sexo, idade, setor, função, tipo de vacina ou diagnóstico prévio de COVID-19. Observou-se magnitudes de efeito protetor semelhantes nas vacinas CoronaVac e Astrazeneca, o que pode sugerir que, em longo prazo, a eficácia de diferentes vacinas pode se tornar análogo. Além disso, após a vacinação, identificou-se uma redução significativa dos casos de COVID-19 entre os trabalhadores de setores de maior risco de contato com os pacientes contaminados. No entanto, a prevalência de casos ainda manteve-se alta entre os profissionais desses setores. O manuscrito 2, que incluiu 181 profissionais que responderam ao questionário, identificou uma redução significativa de casos de COVID-19 após a vacinação, de 19,9% (95% IC: 14,3-26,5) para 7,7% (95% IC: 4,3-12,6). As principais reações adversas relatadas foram semelhantes para as duas vacinas avaliadas, destacando-se dor de cabeça, dores no corpo e cansaço. Um percentual significativamente maior de profissionais que receberam a vacina Astrazeneca relataram reações adversas em relação aos profissionais que receberam a vacina CoronaVac. Ademais, observou-se uma flexibilização em relação ao distanciamento social relatado pelos profissionais de saúde após a vacinação. Os profissionais de enfermagem foram os mais infectados pelo SARS-CoV-2, mesmo após a vacinação, o que reforça a importância de manter as demais medidas preventivas como equipamentos de proteção individual (máscara, óculos, luvas) e o distanciamento social em situações de maior risco de contaminação.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: Profissionais da saúdeSARS-CoV-2VacinasAvaliação do impacto na saúdeCovid-19