Prevalência, colonização bacteriana e mutagenicidade em pacientes com bronquiectasia não fibrose-cística do extremo sul do Brasil
Autor: Daniel Wenceslau Votto Olmedo (Currículo Lattes)
Resumo
A bronquiectasia é considerada uma doença respiratória crônica sendo caracterizada por processos inflamatórios, dilatação irreversível dos brônquios e presença de infecções pulmonares recorrentes. A doença apesar de apresentar uma alta morbimortalidade, é considerada uma doença órfã por ser pouco estudada frente a sua prevalência e fatores associados não relacionados diretamente com o prognóstico respiratório. Por se tratar de uma doença relacionada à exacerbação do processo inflamatório, estresse oxidativo e com grande interesse de traçar um perfil de prevalência da doença, o presente estudo realizou uma avaliação do perfil de prevalência de bronquiectasia e fatores clínicos associados, além de avaliação mutagênica e microbiológica em pacientes estáveis com bronquiectasias não fibrose cística atendidos no ambulatório de pneumologia do Hospital Universitário Miguel Riet Corrêa Jr. (FURG). O estudo teve um delineamento longitudinal como censo. A coleta de dados foi realizada através de um questionário semiestruturado contendo informações socioeconômicas, demográficas, de estilo de vida e condições de saúde, além do questionário, o prontuário médico também foi utilizado afim de identificar os pacientes com bronquiectasia. O período de estudo foi de 30 dias, sendo realizada a coleta durante julho de 2018 até agosto de 2018. O N amostral consistiu em todos os pacientes atendidos no ambulatório durante o período avaliado e que concordaram em participar, totalizando um total de 95 pacientes. A prevalência de bronquiectasia foi de 22,1% e os pacientes possuíam idade entre 12 e 89 anos. Nos resultados relacionados a mutagenicidade, não foi encontrada diferença significativa na frequência de MN entre pacientes com e sem bronquiectasias. Contudo, foi demonstrada a presença de uma associação positiva significativa entre idade e frequência de MN entre os pacientes com bronquiectasias. A maioria dos pacientes eram do sexo feminino (67%), caucasianos (86%), apresentavam uma idade elevada entre 61 e 80 anos (62%), possuíam uma renda renda mediana de R$ 1.908,00e baixa escolaridade. O perfil das doenças relacionadas aos pacientes com bronquiectasia foi avaliado, contudo apenas a tuberculose demonstrou uma diferença significativa entre os grupos, havendo uma alta prevalência de pacientes pós-tuberculose (40%) com quadro de bronquiectasias. Em relação ao estilo de vida dos pacientes, apenas a realização da vacinação pneumoccocica demonstrou uma diferença estatística entre os grupos, no qual 55% dos pacientes diagnosticados não realizaram a vacinação. O presente estudo, apesar de ter sido realizado com um baixo N amostral e durante um pequeno período de tempo, foi o primeiro estudo a investigar e correlacionar dados sobre prevalência, aspectos clínicos, epidemiológicos e desfecho de genotoxicidade no Brasil, demonstrando os primeiros dados para um melhor entendimento sobre o desenvolvimento da doença na região estudada.