Tese - Vanise dos Santos Ferreira Viero

PADRÃO DE ATIVIDADE FÍSICA ANTES E DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 E SUA ASSOCIAÇÃO COM VARIÁVEIS DA PANDEMIA NA POPULAÇÃO ADULTA E IDOSA DE DOIS MUNICÍPIOS DA REGIÃO SUL DO BRASIL

Autor: Vanise dos Santos Ferreira Viero (Currículo Lattes)

Resumo

As medidas de distanciamento social, juntamente com o medo de contrair a COVID-19, têm causado consequências negativas não intencionais em diversos aspectos de vida e de saúde da população, incluindo a redução da prática de atividades físicas. Sabe-se que a prática regular de atividades físicas proporciona diversos benefícios à saúde, sobretudo ao sistema cardiometabólico e imunológico, tão necessários à manutenção e reabilitação da saúde em tempos de pandemia. Nessa perspectiva, torna-se imprescindível investigar se o distanciamento social induzido pela pandemia contribuiu para alterar negativamente o padrão de atividade física da população adulta e idosa do sul do Brasil, bem como compreender se o contexto pandêmico influenciou nessas mudanças. Diante disso, o objetivo geral do presente estudo foi comparar o padrão de atividade física antes e durante a pandemia de COVID-19 e verificar sua associação com variáveis contextuais, comportamentais e de saúde relacionadas à pandemia na população adulta e idosa da zona urbana dos municípios de Rio Grande-RS e Criciúma-SC. Estudo de base populacional, comparativo, do tipo painel, que utilizou dados de três estudos transversais realizados nos anos de 2016 e 2019 e reproduzidos com amostras independentes em 2021, na população adulta e idosa da zona urbana dos municípios de Rio Grande-RS e Criciúma-SC. O padrão de atividade física foi coletado por meio das seções de lazer e de deslocamento do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). As variáveis dependentes analisadas foram atividade física no lazer, atividade física no deslocamento, atividade física no lazer e no deslocamento (150 min/sem) e inativos totais no lazer e no deslocamento. Também, foi avaliada a frequência de percepção de diminuição da atividade física durante a pandemia. As variáveis independentes avaliadas foram: distanciamento social, infodemia, medo da COVID-19, trabalho remoto durante a pandemia, contato com pessoa infectada, infecção por COVID-19 e sintomas de COVID-19. Além disso, foram avaliados o aumento percebido da quantidade de alimentos ingeridos durante a pandemia, sair para fazer atividades físicas durante o distanciamento social, perda de emprego e ganho percebido de peso durante a pandemia. Foi utilizado o teste de Exato de Fisher para as análises bivariadas e a regressão de Poisson com ajuste robusto para variância para calcular a razão de prevalência (RP) bruta e ajustada, intervalos de confiança de 95% (IC95%). O total da amostra foi composta por 4.290 indivíduos de 18 anos ou mais, com taxa de resposta em torno de 72%. Houve uma redução de 72% na atividade física de deslocamento e um aumento de 145% na inatividade física quando comparados antes e durante a pandemia. Distanciamento social, infodemia, medo da pandemia e infecção por COVID-19 foram fatores que contribuíram para o declínio do padrão de atividade física durante a pandemia. O trabalho remoto foi fator de proteção para a inatividade física A prevalência de redução percebida de atividade física durante a pandemia de COVID-19 foi de 39,3% (IC95%: 37,2%;41,4%). Em relação aos seus fatores associados, entre os que não atingiram as recomendações, a perda de emprego (RP=1,30; IC95%:1,06;1,58), aumento da quantidade de alimentos ingeridos (RP=1,28; IC95%: 1,15;1,43), ganho de peso (RP=1,33; IC95%: 1,19;1,48), infecção por COVID-19 (RP=1,28; IC95%:1,03;1,59), sintomas de COVID-19 (RP=1,19; IC95%: 1,02;1,39) e contato com alguém infectado (RP=1,21; IC95%: 1,05;1,38) foram associados a maior probabilidade de reduzir a atividade física durante a pandemia. Dentre os ativos, aqueles que aumentaram a quantidade de alimentos (RP=1,37; IC95%: 1,07;1,76) e que ganharam peso (RP=1,59; IC95%: 1,25;2,01) tiveram maiores probabilidades para o desfecho. Conclui-se que a pandemia de COVID-19 afetou negativamente o padrão de atividade física da população estudada. A atividade física de deslocamento foi a medida que sofreu o declínio mais significativo durante a pandemia. A inatividade física total quase triplicou na comparação de antes e durante a pandemia. A infecção pelo vírus causador da COVID-19, o distanciamento social, o medo da pandemia e a busca excessiva por informações sobre a COVID-19 foram fatores responsáveis por esse declínio. Ao contrário do que se esperava, o trabalho em casa foi fator de proteção para a inatividade física. Esses achados podem apoiar e subsidiar políticas de promoção de estilos de vida mais ativos e saudáveis a fim de minimizar o surgimento de fatores de risco que podem ter impactos negativos na saúde dessa população.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: Atividade físicaExercício físicoDoença pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV)Distanciamento socialSaúdeBem-estar