Dissertação - Karoline Brizola de Souza

Avaliação e fatores associados à prática de automedicação para prevenção ou tratamento de COVID-19 na população universitária do Sul do Brasil

Autor: Karoline Brizola de Souza (Currículo Lattes)

Resumo

Automedicação é a prática de consumir medicamentos por decisão própria, sem a prescrição de um médico ou dentista e, ainda, sem o acompanhamento de um profissional de saúde qualificado. Apesar de ser uma ação potencialmente perigosa devido aos efeitos adversos que os medicamentos podem causar, a automedicação é uma prática que vêm sendo realizada pela população brasileira que esteve em destaque durante a pandemia de COVID-19. Por este motivo, este estudo objetivou avaliar o consumo de medicamentos por automedicação para prevenção ou tratamento de COVID-19 e quais fatores estão associados à esta prática pela população universitária dos estados do Sul do Brasil. Através de um questionário digital aplicado de forma online entre o período de julho a novembro de 2020 foram captados 1553 estudantes universitários que residem nos estados da região Sul do Brasil. A análise foi realizada através de frequência simples e absoluta e do teste de Poisson bruto e ajustado. Um intervalo de confiança (IC) de 95% foi considerado e um p<0,05 identifica as variáveis estatisticamente significativas. Uma prevalência de 14,9% de automedicação foi encontrada e entre o grupo que realizou automedicação se identificou a maioria de jovens adultos (73,3%), mulheres (75,9%), brancos (81,5%), com renda até R$2.100,00 (40,1%), vivendo com familiares (69,8%), estudando em universidade pública (60,3%), cursando graduações na área da saúde (59,9%) e que trabalham ou realizam estágio (61,2%). Entre os fatores associados como de risco à prática de automedicação foram identificados viver no estado do Rio Grande do Sul (p<0,030), ter renda entre R$2.101,00 e R$5.250,00 (p<0,015), estudar em universidade pública (p<0,009) e estudar em um curso de graduação realizado à distância (p<0,041). Entre os fatores associados como protetivos à prática de automedicação foram a idade acima de 30 anos (p<0,000), sexo feminino (p<0,046), trabalhar ou realizar estágio (p<0,011), recomendar medicamentos para outras pessoas (p<0,000) e identificar uma piora na própria saúde durante a pandemia (p<0,000). Os medicamentos mais utilizados para prevenção ou tratamento de COVID-19 por automedicação foram a ivermectina, seguida por vitaminas C e D, chás naturais, azitromicina, zinco e própolis. A prevalência de automedicação foi semelhante a outros estudos conduzidos fora do Brasil e verificou-se a prática de automedicação com os medicamentos especulados para COVID-19 entre os universitários, identificando oportunidades de realização de ações de educação em saúde para redução desta prática que pode gerar graves consequências aos indivíduos.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: AutomedicaçãoEstudantes universitáriosCovid-19CoronavírusMedicamentoUso off-label