Tese - Michele Vaz Pinheiro Canena

MOBILIDADE DIAFRAGMÁTICA, GRAVIDADE DA DOENÇA E TOLERÂNCIA AO ESFORÇO EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Autor: Michele Vaz Pinheiro Canena (Currículo Lattes)

Resumo

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade em adultos maiores de 40 anos. Alterações na biomecânica ventilatória são observadas nestes pacientes. A disfunção diafragmática no paciente DPOC é incapacitante e está associada à mortalidade. A intolerância ao exercício também está diretamente relacionada à qualidade de vida e prognóstico destes pacientes e a alteração da mobilidade diafragmática parece limitar essa tolerância. Esse estudo teve como objetivo avaliar a mobilidade diafragmática, a gravidade da doença e a tolerância ao esforço de pacientes DPOC. Trata-se de um estudo transversal de base hospitalar em pacientes adultos, clinicamente estáveis, com diagnóstico de DPOC de acordo com as diretrizes GOLD 2019 em diferentes estágios de gravidade da doença (leve, moderada e grave/muito grave).Foram excluídos os pacientes que apresentaram exacerbação da doença durante o estudo ou nos dois últimos meses que antecedem o mesmo, incapaz de realizar qualquer uma das avaliações do estudo por falta de compreensão ou colaboração e que apresentaram intercorrências clínicas de natureza cardiorrespiratória e/ou musculoesquelética durante as avaliações. A mobilidade diafragmática foi avaliada por ultrassonografia, transdutor curvilíneo 1-5Mhz, em decúbito dorsal a 45°. A medida foi realizada no modo M pelo deslocamento craniocaudal em cm. O teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi realizado conforme as diretrizes sugeridas pela American Thoracic Society. O COPD Assessment Test (CAT) e a escala de Borg modificada foram utilizados para avaliar a qualidade de vida e o grau de dispneia do paciente, respectivamente. De um total de 69 pacientes, elegíveis no período de estudo, 3 foram excluídos por falta de dados da espirometria no prontuário. Sessenta e seis pacientes incluídos, foram categorizados em 3 grupos DPOC leve (n=16) DPOC moderado (n=30) e DPOC grave/muito grave (n=20). A média de idade dos pacientes foi de 63,7 ± 9,4 anos, 53% do sexo feminino e o Índice de Massa Corporal (IMC) médio foi de 27,6 ± 5,5 kg/m². A mobilidade diafragmática não se correlacionou com a distância percorrida no TC6 (p=0,8), os escores de CAT (p=0,2) e gravidade da doença (p=0.9), também não se correlacionou com outras variáveis clínicas e funcionais (frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, saturação periférica de oxigênio SPO2 e escores de Borg). Em nosso estudo, as medidas de mobilidade diafragmática parecem incapazes de identificar a gravidade da doença e se correlacionar com variáveis clínicas e funcionais que podem predizer o risco de piora dos sintomas e exacerbação da doença. Porém, a utilização de novas técnicas de análise do comprometimento pulmonar e muscular deve ser aprimorada e poderá contribuir para fatores associados a complexidade da doença.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: DPOCDoença pulmonar obstrutiva crônicaMobilidade diafragmáticaTolerância ao exercícioUltrassom