Tese - Júlia Oliveira Penteado

O papel do consumo de alimentos orgânicos e convencionais sobre parâmetros bioquímicos e genéticos: resultados de um Ensaio Clínico Randomizado

Autor: Júlia Oliveira Penteado (Currículo Lattes)

Resumo

O Brasil é o segundo maior exportador mundial de produtos agrícolas no mundo e cerca de um terço dos produtos agrícolas são produzidos por influência da aplicação de agrotóxicos nas plantações. A utilização excessiva desses produtos penetra ou atinge plantas não-alvo, contamina o meio ambiente e deixa resíduos em alimentos consumidos pela população. A exposição por via alimentar de agrotóxicos tem sido associada a efeitos à saúde como problemas no sistema endócrino, neurológico, piora em quadros como asma, sobrepeso e obesidade e até relação com o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Uma alternativa para essa problemática é o consumo de alimentos orgânicos, pois são proibidos por lei de utilizar agrotóxicos e fertilizantes de alta solubilidade na produção. Neste sentido, Ensaios Clíncos são o delinemaneto principal para avaliar exposição e efeito e preencher a lacuna de conhecimento nessa área. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a presença de agrotóxicos e os efeitos da exposição a esses compostos através da via alimentar sobre os parâmetros bioquímicos de indivíduos saudáveis em um Ensaio Clínico Randomizado (ECR). Foram incluídos no estudo adultos saudáveis entre 19-40 anos da Universidade Federal do Rio Grande, Brasil. Os participantes foram alocados, aleatoriamente, em dois grupos experimentais: 1) consumidores de alimentos convencionais e 2) consumidores de alimentos orgânicos e foram fornecidas as refeições de café da manhã, almoço, janta e 2 lanches pelo período de 14 dias de intervenção do ECR. Antes e imediatamente após o período de intervenção, foram coletados urina para análise de resíduos de agrotóxicos, sangue para determinação de parâmetros bioquímicos e genéticos e realizada avaliação antropométrica. O grupo convencional foi composto por 70 indivíduos e o grupo orgânico 78 (N=148), 65,5% da amostra tinha idade entre 21-29 anos e 87,7% apresentaram dieta onívora. Na comparação entre os grupos ao fim da intervenção, o grupo orgânico apresentou redução na circunferência da cintura e o grupo convencional aumento na circunferência do quadril. Para avaliação dos níveis urinários e marcadores biológicos foram incluídos os indivíduos que apresentaram, pelo menos, um agrotóxico detectado na urina. Os níveis urinários de inseticidas diminuíram em ambos os grupos, com um percentual maior no grupo orgânico (98,6%) comparado ao grupo convencional (66,2%). O dano de DNA aumentou em ambos os grupos, mas os mecanismos de reparo ao DNA por BER e NER foram maiores no grupo orgânico. Em suma, os dados obtidos por este estudo sugerem que o consumo predominante de alimentos convencionais pode ter associação com maiores níveis urinários de inseticidas, principalmente piretróides e os indivíduos com esse hábito alimentar podem ter menor capacidade de reparo de dano ao DNA comparado a consumidores orgânicos.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: NutriçãoToxicologiaEnsaio Clínico RandomizadoAgroquímicos