RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS AMBIENTAIS E ENTEROBACTÉRIAS RESISTENTES A ANTIMICROBIANOS ISOLADAS DE UM ECOSSISTEMA ESTUARINO NO SUL DO BRASIL
Autor: Juliana Lemos Dal Pizzol (Currículo Lattes)
Resumo
As complexidades das interações biótico-abióticas em ecossistemas dificultam o entendimento da influência das variáveis ambientais que podem selecionar bactérias resistentes aos antimicrobianos. O objetivo deste estudo foi identificar a presença de Enterobactérias fenotipicamente resistentes aos antimicrobianos e investigar a sua relação com variáveis ambientais mensuradas no estuário da Lagoa dos Patos, situada na cidade do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, Brasil. Coletou-se amostras de água e aferiu-se os parâmetros físicoquímicos em três estações de amostragem. O isolamento bacteriano foi obtido através da técnica de membrana filtrante e o cultivo em Ágar M-ENDO LES. Realizou-se a contagem das Unidades Formadoras de Colônia por mililitro (UFC/mL) de Escherichia coli e coliformes totais. A identificação fenotípica foi realizada através de provas bioquímicas e o perfil de sensibilidade das espécies E. coli, Klebsiella spp. e Enterobacter spp. foi definido através do teste de disco-difusão, usando a metodologia Kirby-Bauer. Avaliou-se a relação entre os parâmetros aferidos e a presença de bactérias resistentes por Análise de Componentes Principais (PCA). As estações apresentaram diferentes características físico-químicas, o que refletiu na quantificação, identificação de espécies e no número de cepas resistentes. No Estuário Médio, a temperatura relacionou-se com a presença de bactérias resistentes. Além disso, neste local, observou-se o aumento da temperatura e de UFC/mL de E. coli e coliformes totais no mês de novembro. A variável turbidez apresentou relação com bactérias resistentes no Estuário Médio e na Foz, o que pode estar associado a ressuspensão de sedimento e de bactérias devido as chuvas relatadas especialmente no mês de setembro, em que também verificou-se aumento na quantificação de coliformes totais. Na Praia do Cassino, as variáveis pH e oxigênio dissolvido, relacionaram-se com a presença de bactérias resistentes. O aumento da oxigenação é atribuído às algas e ocasiona a morte de bactérias devido à produção de formas tóxicas de oxigênio. A presença de algas também ocasiona o aumento do pH, que atua como bactericida. A avaliação da qualidade ambiental estuarina forneceu dados a serem utilizados em programas de gestão ambiental a fim de reduzir a pressão para seleção de microrganismos resistentes aos antimicrobianos.