Tese - Caroline Busatto

TUBERCULOSE EM INSTITUIÇÕES PENAIS DO RIO GRANDE DO SUL: ANÁLISES EPIDEMIOLÓGICA E MOLECULAR

Autor: Caroline Busatto (Currículo Lattes)

Resumo

A tuberculose (TB), por se tratar de uma grave doença infectocontagiosa, é uma das prioridades do Ministério da Saúde, sendo que o seu controle é considerado um desafio, principalmente entre as populações de maior risco, como as pessoas privadas de liberdade (PPL). Há um reconhecimento crescente do elevado risco de adquirir TB em prisões, o que está associado com precários ou inexistentes serviços de saúde, com a superlotação e a ventilação deficiente destes locais, bem como com as fragilidades sociais inerentes ao próprio indivíduo. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi analisar os dados epidemiológicos de PPL diagnosticadas com TB e a diversidade genética de cepas de Mycobacterium tuberculosis de PPL do estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Trata-se de um estudo transversal e retrospectivo, que incluiu notificações de TB, e cepas de M. tuberculosis, provenientes de PPL do RS, entre o período de 2013 a 2018. Os dados clínicos, epidemiológicos, prisionais e laboratoriais dos pacientes foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN) e nas fichas de registro do Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) do RS. As cepas utilizadas no estudo foram provenientes do banco de cepas do LACEN/RS. A caracterização molecular das cepas foi realizada através da técnica de MIRU-VNTR 15 loci (mycobacterial interspersed repetitive units - variable number of tandem repeats). Os achados deste estudo resultaram em quatro manuscritos. O primeiro consistiu em uma revisão integrativa que abordou a epidemiologia da TB e as estratégias de controle realizadas em países com maior população carcerária. O segundo, analisou a completude de 3.557 notificações de TB em PPL do RS. Nas fichas de notificação, 80% das variáveis analisadas tiveram de 75,1% a 100% de completude. No entanto, as variáveis tratamento diretamente observado (TDO) e baciloscopia de 6º mês tiveram de 50,1% e 75% de completude, respectivamente. O terceiro manuscrito analisou os indicadores epidemiológicos e operacionais de controle da TB. No período do estudo, a maior taxa de incidência de TB foi no ano de 2017 com 1.465 casos por 100 mil indivíduos. A proporção de casos novos de TB pulmonar confirmados por critérios laboratoriais foi de 52,6%. No entanto, a proporção de casos novos de TB testados para HIV foi de 83,4% e entre os testados, 12,9% estavam coinfectados pelo HIV. Por fim, o último manuscrito, avaliou a epidemiologia molecular de 598 cepas de M. tuberculosis e identificou que 37,5% (224) estavam agrupadas em 53 clusters. Os tamanhos dos clusters variaram de 2 a 34 cepas. Através dos dados encontrados neste estudo, foi possível conhecer o perfil epidemiológico das PPL diagnosticadas com TB, e compreender a dinâmica de transmissão do M. tuberculosis. Importantes dados para traçar estratégias para interromper a cadeia de transmissão do M. tuberculosis, através da otimização de medidas de controle, evitando a disseminação do microrganismo intra e extramuros.

TEXTO PARCIAL DA TESE

Palavras-chave: TuberculoseSaúde prisionalGenotipagemEpidemiologia