Desenvolvimento de hidrogéis contendo nanoemulsão de curcumina e polihexametileno biguanida: avaliação farmacológica in vitro
Autor: Jose Ricardo Tomé Lopes Martins (Currículo Lattes)
Resumo
Feridas representam um desafio clínico que impactam na qualidade de vida dos pacientes e são associadas à morbimortalidade. O tratamento é crucial para acelerar a cicatrização e aprimorar as características da nova pele, porém esbarra em elevados custos e limitação dos curativos disponíveis. Compostos com atividade anti-inflamatória e antioxidante, como a curcumina (CUR), aliados a substâncias com propriedades antimicrobianas como o polihexametileno de biguanida (PHMB), formulados em curativos, como hidrogéis, são aliados promissores associados ao tratamento de feridas. Entretanto, a CUR apresenta características que obstaculiza sua incorporação em formulações farmacêuticas, como hidrofobicidade e baixa biodisponibilidade, já o PHMB está associado a uma elevada toxicidade. Todavia, através da nanoencapsulação é possível melhorar a solubilidade, aumentar a biodisponibilidade e diminuir a toxicidade destas substâncias. Desta forma, o objetivo deste projeto é desenvolver uma nanoemulsão (NE) contendo CUR e PHMB (NE-CUR-PHMB) e incorporar em hidrogéis de quitosana e hidroxietilcelulose, visando o tratamento de feridas. As características físico-químicas das NEs e hidrogéis foram avaliadas no que diz respeito ao tamanho de partícula e índice de polidispersão, potencial zeta, e bioadesão. Além disso, foram avaliadas possíveis alterações bioquímicas na pele, a viabilidade celular, a atividade antimicrobiana e o potencial irritante das formulações. Os resultados indicaram que foram obtidas nanoemulsões com tamanho e polidispersão adequados para aplicação tópica (~ 225 nm e 0,13; respectivamente), potencial zeta de 35mV e recuperação de fármacos de aproximadamente 75%. Os dados de espectroscopia Raman confocal indicaram que a NE não causou alterações bioquímicas na pele e melhorou sua função de barreira. O teste de viabilidade celular mostrou que não há toxicidade após o tratamento com NE-CUR-PHMB até 1,68 mcg/mL para a CUR e 12,5 mcg/mL para o PHMB. Em relação a atividade antimicrobiana, a NE-CUR-PHMB demonstrou ser efetiva na inibição do crescimento e atividade anti-biofilme frente a P. aeruginosa. Ademais, os hidrogéis contendo a NE-CUR-PHMB mostraram maior adesão após a incorporação das NEs. Os resultados sugerem que a NE-CUR-PHMB e a sua incorporação em hidrogéis podem ser uma promissora abordagem para o tratamento de feridas.